quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Crítica - Batman: The Telltale Series - "Reino das Sombras"

Episódio inicial da aventura acerta ao mostrar mais Bruce Wayne do que Batman

Anunciado durante o The Game Awards em 2015, Batman: The Telltale Series inicia a empreitada da Telltale Games (The Walking Dead, Game of Thrones) entre os super-heróis com um episódio de peso, apostrando em mostrar o lado humano do Cruzado Encapuzado - uma abordagem inédita nos video games que aqui é realizada com maestria.

Batizado de “Reino das Sombras”, o capítulo de estreia introduz o vigilante noturno combatendo invasores na prefeitura da cidade de Gotham, mas rapidamente muda o foco para sua persona Bruce Wayne, mostrando que as ações do Cavaleiro das Trevas são refletidas no dia a dia do excêntrico empresário. Nos momentos iniciais, Wayne tem de convencer possíveis doadores a apoiarem a campanha eleitoral do político Harvey Dent.

Há uma boa separação entre Wayne e o Homem-Morcego, que é refletida diretamente na jogabilidade: Bruce traz uma abordagem mais política, na qual cada linha de diálogo importa e uma resposta fora de hora pode afetar o relacionamento do bilionário com a imprensa, polícia ou povo de Gotham City; já Batman é responsável por todas as cenas de ação do episódio, saindo na mão com hordas de capangas, investigando locais do crime com suas habilidades de detetive ou traçando planos de ataque para invadir o esconderijo de um chefão da máfia.

Ambos os lados andam de mãos dadas e são bem amarrados, com as escolhas do jogador definindo um herói que dá esperança aos habitantes ou causa medo por suas ações brutais; com todos os tons de cinza possíveis entre os dois extremos. Será interessante ver momentos que pedem por saídas sombrias reverberando nos capítulos seguintes.

A Telltale também criou um novo motor gráfico para a série, mas falhou em causar um impacto inicial, com diversos problemas técnicos afetando a experiência. Jogamos o game no PlayStation 4, versão que sofre de constantes quedas de quadros, tornando a jogabilidade engasgada e frequentemente causando erros nos quick time events. Diversos jogadores do PC, tanto nos fórums quanto nas análises do Steam, também apontaram falhas do tipo na plataforma em diversos tipos de configurações diferentes.

Apesar da engine anterior estar ultrapassada, a desenvolvedora garantia desempenho decente na grande maioria de aparelhos, com celulares e consoles como o PS Vita sofrendo dos defeitos que agora são comuns nas plataformas maiores. Enquanto isso incomoda no capítulo inicial, pode acabar se tornando um problema grande futuramente.

Apenas legendado em português, o elenco de dublagem original também é digno de destaque. Troy Baker (Joel em The Last of Us; Delsin em inFamous: Second Son) traz uma atuação única para cada faceta do herói, com uma voz nos moldes de Kevin Conroy, icônico ator por trás do Batman visto na série Arkham da Rocksteady Studios. A dinâmica entre Bruce e o mafioso Carmine Falcone, vivido aqui por Richard McGonagle (Sully na série Uncharted), se torna um dos pontos altos por isso, com Falcone intimidando o jogador em diversos momentos com pouco mais do que palavras e ameaças.

“Reino das Sombras” é um começo forte para Batman: The Telltale Series. Após o fracasso de The Walking Dead: Michonne, o estúdio parece ter investido todo o seu poder de fogo na aventura do Homem Morcego, trazendo para os video games o ângulo humano que faz muitas histórias do herói serem boas.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Critica: Harry Potter e a Criança Amaldiçoada

Tudo estava bem. Pouco mais de 9 anos após o lançamento do livro Harry Potter e as Relíquias da Morte, chegou às livrarias do mundo inteiro os exemplares de Harry Potter and the Cursed Child. A oitava história do bruxo mais famoso do mundo era para muitos novidade, para alguns, uma continuação que não deveria existir, e para outros, o retorno à magia. Mas a verdade é que seja lá o que você esperava ler em Cursed Child, o livro superará suas expectativas.

Primeiramente, devemos reafirmar o que todos já sabem: se trata de um roteiro. Como roteiro, você não vai encontrar longas descrições sobre pensamentos, cenários, ambientes e tudo mais. Se trata de uma breve descrição das ações com as falas dos personagens. Aos fãs que temiam esse formato, não temam mais. É possível ver que embora não esteja como autora principal, J.K. Rowling está por trás de cada linha daquela. E além disso, a rapidez dos acontecimentos garante que a leitura seja envolvente e que o leitor se perca no meio dos acontecimentos.

O inicio, propositalmente conturbado com informações e uma nostalgia inigualável, joga o leitor no meio da história e faz com que não queira voltar mais. Não existe toda aquela introdução explicativa e tudo mais: você começa a ler e já está a lado de Harry, Ron, Hermione e seus filhos. E na próxima cena, já vê surgir os problemas que levarão ao desenvolvimento do livro. No meio do roteiro, já está imerso em um turbilhão de problemas que parecem sem solução e quando menos percebe, já está no clímax e em seu final.

Em relação ao roteiro, evitaremos spoilers. Mas tudo que se teve em Harry Potter está tudo ali: a nostalgia de Harry com seus amigos lutando por algo, as ligações com os acontecimentos passados da saga, um plot twist de fazer qualquer um perder o fôlego, as lições sobre temas filosóficos, as novidades sobre a nova geração de bruxos, e claro, até mesmo um pouco (ou nem tão pouco assim) de fan-service.

O roteiro explica muito bem a função de sua história como peça: você consegue notar que aquela história foi construída para o teatro. Não poderia acontecer de maneira diferente de uma forma tão concisa: se fosse romance, seria muito maior e complexo, e para o cinema, você terá que ler para saber os motivos. Além disso, não há muito mais a se dizer sobre esse livro. A Diagramação, as artes, a coerência e a divisão de partes são perfeitas.

Harry Potter and the Cursed Child é, por definição, um livro de J.K. Rowling. É a segunda oportunidade dos fãs dizerem adeus à saga em uma obra de arte que não deixa muitas palavras para descrevê-la. A torcida agora é para termos a peça no Brasil e saber o que a Warner pretende fazer com seus direitos. Além disso, só nos resta reafirmar: Tudo estava bem.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

O som e a fúria dos Stones em 1965

"Terça é dia de rock aqui no blog e hoje vamos nos focar num ano específico da carreira dos Stones. Não deixe de conferir a playlist da banda. Vamos lá!"
1965 foi um ano agitado para os Stones. 4 discos lançados (Rolling Stones no. 2, The Rolling Stones Now!, Out of Our Heads e December's Children), um EP ao vivo (Got Live if You Want It!) e 4 singles, sendo que um deles incluía seu maior sucesso até então: (I Can't Get No) Satisfaction. Tudo isso lhes rendeu inúmeras apresentações em programas de TV e várias tours pelos Estados Unidos, Europa e Oceania, que totalizaram 217 concertos naquele ano.
 
 
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Entre esses shows, os Stones fizeram na Alemanha e Áustria sua 4ª tour europeia, realizada entre 11 e 17 de setembro de 1965 com 9 shows na Alemanha e um na Áustria. A reputação dos Stones como banda havia crescido imensamente e cada show realizado contava com tumultos dentro e fora das salas de espetáculo.
 
De acordo com o fotógrafo Bent Rej, que acompanhou os Stones nesse período e lançou o excelente livro de fotografias "The Rolling Stones in the Beginning", o show de Berlim em 16 de setembro de 1965 contou com 20 mil assentos destruídos, 300 pessoas presas, 28 fãs e 6 policiais hospitalizados e 44 carros danificados. Isso dá uma ideia da histeria causada pela banda, o que pode ser conferido pelo vídeo abaixo, desse show.
Outro fato curioso (e histórico) é que Brian conheceu Anita Pallenberg no show que os Stones fizeram em Munique, em 14 de setembro. De acordo com Bent, "eu estava caminhando pelo backstage quando uma garota apareceu e me pediu para que arrumasse um encontro com os Stones. Ela era muito bonita e não hesitei - era parte do meu trabalho. Seu nome era Anita Pallenberg, e quando ela entrou no camarim, foi Brian quem se aproximou dela".
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Para os interessados, disponibilizamos um show inédito em Hamburgo que faz parte do recém-lançado box-set "Live in Hamburg 1965", um bootleg que traz também gravações de shows em Paris, Münster e Londres, além de várias gravações de programas de TV como o Ready Steady Go, Shindig e Ed Sullivan Show, bem como algumas sessões que os Stones fizeram para a BBC naquele ano.
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O destaque do box, evidentemente, é o show de Hamburgo, que até então não havia aparecido em nenhum disco pirata, o que faz com que aumente o interesse dos fãs, sempre ávidos por novidades.
Playlist dos Stones

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Pokémon GO no Brasil: Como foi o primeiro dia do jogo no país

A febre de Pokémon GO no Brasil já era mais do que esperada. Desde os pedidos desesperados nas redes sociais, os protestos que levaram à invasão da conta do criador do game no Twitter ao lançamento oficial do jogo no país, na última quarta-feira (3), alcançando o topo da AppStore em menos de um dia, era de se imaginar que o jogo teria, aqui, o mesmo sucesso encontrado lá fora. Mas e nas ruas do país? Como seria a recepção?

Para responder a esta pergunta, aguardamos, como muitos, o raiar do Sol (o jogo chegou aqui às 18h da quarta) para embarcar na nossa própria jornada Pokémon. Andei pelas ruas de São Paulo e a resposta é: sim, Pokémon GO é uma febre. Em toda a capital paulista, vários grupos se juntaram espontaneamente para jogar. Foi muito fácil encontrar pessoas de todos os gêneros, idades e estilos nas ruas, com um comportamento aparentemente duvidoso frente à tela do celular, procurando seus monstros.

Nossa jornada começou por volta das 9h30. Como a Niantic já afirmou que os monstros têm mais possibilidade de serem encontrados e parques e em pontos turísticos, fui ao local que junta as duas características: o Parque do Ibirapuera. No caminho, dentro de um Uber (nunca jogue ao volante!) liguei o aplicativo na esperança de achar mais monstros, aproveitando o movimento do carro, mas só encontrei Pidgeys e Zubats - os tipos mais comuns na rua.

A aposta no Ibirapuera deu certo: logo na entrada do portão 9 do parque encontrei um Eevee, um Goldeen e um Paras. A janelinha de monstros próximos acusava a presença de mais monstros que ainda não havia encontrado até então: Geodude, Staryu e um Bulbasaur. Procurei um bocado, mas o inicial de grama não deu as caras.

Observando o parque, era fácil observar que algo estava diferente. Além dos habituais corredores e ciclistas, um terceiro tipo de pessoa era bem comum nas pistas e gramados do parque: pessoas andando com a cabeça baixa, olhando para a tela do celular. Olhei de relance para a tela quando pude; em quase todos os casos, era Pokémon GO. Na maioria das vezes, nem era necessário bisbilhotar: quando duas pessoas ou mais estava com o celular na mão, a conversa invariavelmente era algo como “capturei um Zubat com 150 CP” ou “tô quase evoluindo meu Pidgey”.

O mais surpreendente, entretanto, veio quando me aproximei do Planetário do Ibirapuera, que no game, é um ponto com quatro pokéstops adjacentes. Nas quatro, foram colocados Lure Modules - itens que servem para atrair monstros para a pokéstop - e, com isso, cerca de 15 pessoas estavam por ali, sentadas ou andando em círculos, olho fixo no smartphone, o polegar se arrastando de baixo para cima da tela.

O problema de Pokémon GO

No meio do caminho, me deparei com o principal problema que aflige o jogador de Pokémon GO: a bateria do celular. O uso do jogo no carro a caminho do parque e no local fizeram a energia do smartphone despencar de 100% a 10% em pouco menos de uma hora e meia de uso. Depois que o celular apagou, perambulei pelo parque até achar uma tomada em uma lanchonete, e passei 40 minutos esperando o aparelho voltar a um nível seguro de bateria. Lá, tive um encontro inusitado: o entregador da lanchonete estava jogando Pokémon GO e imediatamente começamos a bater papo.

“Peguei uns três ‘Bulbassauro’ já. Estou aproveitando as minhas entregas e o caminho de ônibus pra capturar mais”, me contou o entregador, também reclamando que o celular gasta muita bateria. “Vou voltar aqui no fim de semana com meu amigo pra capturar mais”, finalizou. O local da lanchonete, próximo à Praça da Paz, também é um bom lugar para encontrar monstros - por lá, peguei um Tangela e um Doduo. Um Squirtle estava por perto, mas, infelizmente, não apareceu para mim.

Voltei ao Planetário e encontrei o local ainda mais povoado por treinadores. Agora, eram mais de 50 pessoas ao redor dos pokéstops, esperando pelos monstros que se aproximavam. Como estava cada vez mais claro para todos que só havia jogadores por ali, todos começaram a socializar. Pessoas que não se conheciam trocavam ideias sobre o jogo - e sobre a vida. “Onde você pegou esse Doduo aí?”, “Achei um Nidoran!”, eram comuns, mas daí a algum tempo alguns até começaram a falar de videogame em geral. “Mega Man X é f…”, relembrava um nostálgico usuário de Pokémon GO com o celular na mão.

Até mesmo paradas casuais no parque para capturar pokémon atraíam outros jogadores. À beira da Fonte do Ibirapuera pareceu um Dratini. Enquanto arremessava inúmeras pokébolas para capturar o raro e arredio tipo dragão, outro jogador apareceu, sem firulas: “É o Dratini?”. Passamos 15 minutos trocando dicas sobre locais onde havia monstros mais raros no parque, e falando sobre o jogo em si - ele se queixou da falta de batalhas e de ginásios ocupados por treinadores com um nível praticamente impossível de se conseguir em tão pouco tempo de jogo no Brasil.

Por volta das 12h, decidi sair do Ibirapuera e ir até a Avenida Paulista, na esperança de encontrar mais pokémon. A primeira parada foi em uma loja de acessórios para celular próximo à estação Brigadeiro, para adquirir um inevitável carregador portátil. Embora existam jeitos de economizar energia, como diminuir a iluminação do celular ou baixar os mapas no Google Maps (de quem Pokémon GO compartilha a base de dados), o game ainda exige muito da bateria do celular e este acessório se torna indispensável em sessões prolongadas de jogo, como foi o caso.

Bateria portátil comprada e equipada, coloquei-a na mochila e o celular no bolso, pronto para continuar minha jornada. Na saída, um dos funcionários que tenta atrair pessoas para uma barraca se aproxima. “Precisa de assistência no celular?”, ele pergunta. Recuso. “Precisa de assistência no pokémon?”, ele retruca. O melhor d
o Brasil definitivamente é o brasileiro.

Um fenômeno social


Andando por uma das ruas mais movimentadas da cidade mais populosa do país é que se tem mais noção do tamanho do fenômeno de Pokémon GO. Entre a multidão que se deslocava pelas largas calçadas da Paulista, inevitavelmente alguns grupos passavam com a cabeça baixa, olhando para o celular, arrastando o dedão na tela.

Mas, talvez, uma das provas mais inusitadas do tamanho do fenômeno podia ser medido pelo fato de o jogo ser assunto até entre quem não estava jogando, e não se tratava apenas de curiosos tentando observar quem jogava. “Meu amigo diz que achou um Blastoise perto da casa dele”, ouvi enquanto entrava no parque Trianon (que também estava lotado de treinadores e monstros - por lá, peguei um Cubone).

O fenômeno Pokémon GO é algo para ser estudado por muitos meses, mas seu fenômeno é comprovado pelo sucesso do jogo nas ruas. A diversidade de pessoas que estão capturando monstros nas ruas, seja por serem fãs da franquia, seja para conferir do que se trata todo esse alvoroço, é algo que transcende - e muito - o público padrão de um game.

domingo, 7 de agosto de 2016

Quando o cinema sobe ao pódio

Os Jogos Olímpicos desembarcam no Rio de Janeiro e a gente relembra o quanto as suas histórias de superação já inspiraram grandes histórias na Sétima Arte.

Com ou sem privadas entupidas, delegações reclamando e cangurus na porta da Vila Olímpica, uma coisa não dá pra negar: a Olimpíada tá chegando ao Rio de Janeiro e, bom, que o resto do mundo não repare na bagunça, como diz o meme.

Hollywood – e talvez, vamos combinar, o cinema como um todo – ama grandes histórias de underdogs, aquelas pessoas nas quais ninguém acredita, ninguém bota nenhuma fé e que, do nada, conseguem se superar e alcançar aquele objetivo inimaginável. E não tem jeito melhor de contar uma história como esta do que tendo o esporte como plataforma, não é?

Se acompanhar as disputas não é muito a sua praia, vasculhamos alguns filmes indispensáveis — e outros nem tanto, mas que são diversão garantida, afinal de contas — que de alguma forma estão relacionados ao clima dos jogos, mostrando que cultura pop e Olimpíadas, vejam vocês, também têm muito em comum.

Que os jogos comecem!

Olympia (1938)
O primeiro documentário sobre Olimpíadas da história, no qual a cineasta Leni Riefenstahl, propagandista do governo nazista de Adolf Hitler, documenta os Jogos Olímpicos de Verão de 1936. Além das técnicas cinematográficas consideradas pioneiras para a época, a sua importância se dá especialmente pelo poderoso registro da vitória do velocista Jesse Owens, diante de um Hitler visivelmente puto da vida.

Raça (2016)
O filme é uma biografia de Jesse Owens, que não só humilhou Hitler, como ganhou quatro medalhas de ouro em Berlim. No original, o título tem duplo sentido: Race, de corrida, e Race de Raça, o título nacional, que essencialmente guiou sua vida e carreira.

Berlin 36 (2009)
Outro filme alemão sobre a Olimpíada de 1936, em Berlim, só que desta vez uma ficção. Mas, aqui, a produção se foca na vida da atleta de salto em altura Gretel Bergmann. Judia em plena Alemanha nazista, ela é obrigada a fugir para a Inglaterra. Mas o Comitê Olímpico Internacional e os EUA forçam o governo de Hitler a aceitar os atletas judeus na competição, em especial Gretel, de fama internacional. O grande problema é que a vitória de uma atleta judia, por mais que seja em nome da própria Alemanha, poderia ser uma grande humilhação para o partido. Então, se inicia um plano para quebrar o seu espírito, destruindo sua autoestima. Uma das armas contra ela é justamente sua colega de quarto e parceira de equipe, Marie Ketteler... que, na verdade, é um homem e a principal esperança dos nazistas para conquistar a medalha de ouro em seu lugar. Mas um laço de amizade acaba se formando entre Gretel e Marie, apesar dos esforços do regime.

Pateta nas Olimpíadas (1942)
Um clássico filme do Pateta, um clássico da Disney, um clássico olímpico. Começa com o revezamento da Tocha e termina com o melhor personagem criado por Walt Disney explicando diversos esportes. :)

O Homem de Bronze (1951)
Baseado na história real de Jim Thorpe, interpretado por Burt Lancaster. Atleta completo em diversas modalidades, foi para a Olimpíada de 1912 e trouxe pra casa a vitória tanto no pentatlo quanto no decatlo, uma verdadeira façanha. Mas foi só descobrirem que, em certo verão, ele recebeu uma quantia insignificante para jogar beisebol em uma equipe, que todas as suas medalhas lhe foram arrancadas: naquela época, era preciso ser considerado amador para ter o direito de competir olimpicamente.

Os Amantes do Perigo (1969)
Baseado no livro The Downhill Racers, escrito por Oakley Hall, o filme trata de um jovem e arrogante esquiador talentoso (Robert Redford) que se junta à equipe de esqui dos Estados Unidos na Europa para competir. Rapidamente, o cara se torna a maior esperança de medalha do país na Olimpíada de Inverno, por mais que bata de frente com os colegas de equipe e com o próprio treinador, aqui interpretado por Gene Hackman.

Os Jogos (1970)
Baseado no livro de mesmo nome de Hugh Atkinson (The Games), mostra as quatro diferentes histórias e motivações de maratonistas se preparando para os fictícios Jogos Olímpicos a serem disputados em Roma. São eles um inglês, um americano, um tcheco e um aborígene australiano. Detalhe curioso: quem interpreta o corredor tcheco Pavel Vendek é ninguém menos do que Charles Aznavour, cantor que é considerado o “Frank Sinatra da França”.

Uma Janela Para o Céu (1975)
O ano era 1955. A jovem Jill Kinmont era a campeã nacional de slalo e era facilmente vista como virtual medalhista de ouro na Olimpíada de Inverno que rolaria um ano depois. Mas então, semanas antes de completar 19 anos, a garota sofre um gravíssimo acidente em uma competição. Logo, ela se tornaria tetraplégica e teria que usar uma dose extra de determinação e coragem para começar a sua vida do zero. Mais um drama intenso inspirado em uma história que a gente não gostaria que fosse real... Mas é.

Maratona Final (1979)
Um daqueles filmes que tem muito a cara do seu diretor, no caso, um tal de Michael Mann. Rain Murphy (Peter Strauss) é um sujeito sentenciado a passar a vida na cadeia, optando por viver praticamente isolado do restante dos presos e praticando corrida de longa distância toda vez que tem algum tempo livre. Sua velocidade chama a atenção dos oficiais da prisão, que acham que ele poderia conseguir índice para a Olimpíada. Inicialmente desinteressado na proposta, ele acaba topando em memória do único homem que ele considerava seu amigo atrás das grades, gerando profundas mudanças não apenas nele, mas também na atmosfera da penitenciária.

A Menina de Ouro (1979)
Ficção científica com Olimpíadas? Sim, temos. Serafin, um cientista simpatizante dos ideais do nazismo, descobriu um jeito de criar um ser humano fisicamente superior. E aí começa a testar este combo de vitaminas e hormônios em sua própria filha adotiva, Goldine, desde a infância. Quando ela está grande o bastante, ele resolve que vai fazer com a jovem um teste definitivo: correr na Olimpíada de Moscou. Para subsidiar o futuro de sua filha, o camarada barganha com um grupo de homens de negócios, liderado pelo especialista em merchandising Dryden. Mas talvez a experiência tenha resultados, digamos, inesperados...

As Parceiras (1982)
Primeiro filme dirigido por Robert Towne, o homem que escreveu Chinatown, considerado uma verdadeira aula de roteiro para cinema. Fala sobre um grupo de mulheres tentando se qualificar para a Olimpíada de Moscou, em 1980, auge da Guerra Fria. Apesar de seu compromisso ao intenso regime de treinamentos, os EUA resolvem boicotar os jogos por razões políticas, fazendo com que apenas as marcas pessoais entre elas sirvam como impulso para continuar seguindo em frente. Além disso, muitos críticos afirmam que a produção também acerta ao mostrar de maneira delicada a relação amorosa entre duas atletas, vividas por Mariel Hemingway e por Patrice Donnelly (no caso, uma atleta na vida real também).

Carruagens de Fogo (1981)
Talvez aquele que seja o primeiro nome no qual se pensa ao mencionar “filmes sobre a Olimpíada”. Vencedor de quatro Oscars em 82, incluindo “melhor filme”, trata da adaptação da história real de dois corredores que disputaram as provas de velocidade pelo time da Grã-Bretanha durante os jogos de Paris, em 1924: Eric Liddell, um cristão devoto que busca a glória em nome do Senhor; e Harold Abrahams, judeu que deseja apenas fugir do preconceito crescente contra os seus. A coisa que não dá MESMO pra esquecer é a música-tema, composta pelo hoje lendário músico grego Vangelis.

Running Brave (1983)
Outra história real sobre um indígena que foi lá e, apesar das dificuldades, mostrou a que veio. Billy Mills (Robbie Benson), saído da reserva Oglala Sioux, embarcou desacreditado para a Olimpíada de Tóquio, em 1984, e voltou pra casa com a medalha de ouro dos 10.000 metros. Na pista da prova, duríssima por sua longa duração, Billy foi deixando todo mundo pra trás e enfim conseguiu alcançar a primeira posição.

Nadia (1984)
Produzida diretamente para a TV, vale conferir esta biografia da atleta romena Nadia Comăneci, um dos maiores fenômenos olímpicos de todos os tempos. Em 1976, aos 14 anos de idade, a ginasta se tornou a primeira mulher a conseguir um 10 perfeito na Olimpíada. Na verdade, naquele ano, a garota saiu com sete notas 10, três medalhas de ouro, uma de prata, uma de bronze e se tornou uma celebridade instântanea em seu país e no mundo. Só que a pressão acabou sendo demais para que ela suportasse...

Jamaica Abaixo de Zero (1993)
Pequeno clássico do gênero, uma comédia deliciosa inspirada na história verídica da estréia da equipe de bobsled nacional da Jamaica nos Jogos Olímpicos de Inverno de 1988, no Canadá. Vindos de um país conhecido por seu ensolarado clima tropical, obviamente os caras acabaram desacreditados por se meterem a deslizar com seu trenó pela neve, mas claro que provariam o contrário... Tudo rolando ao som do single I Can See Clearly Now, de Jimmy Cliff.

Prefontaine (1997)
Muito antes de sair mandando camisinhas usadas e roedores mortos para seus colegas de elenco, Jared Leto interpretou o atleta Steve Prefontaine, velocista de longa distância que enfrentou a adversidade para disputar os trágicos jogos de 1972, aqueles de Munique. O longa retrata a sua relação com o treinador Bill Bowerman (R. Lee Ermey), o homem que anos depois seria um dos co-fundadores da Nike. Prefontaine morreria jovem, aos 24 anos, depois de um acidente automobilístico, justamente quando iniciava um trabalho como ativista para que os atletas surgidos nas universidades dos EUA tivessem mais incentivos para a profissionalização.

Prova de Fogo (1998)
Outra produção biográfica, outra a respeito de Steve Prefontaine – e que, com produção de Tom Cruise e roteiro/direção de Robert Towne (que já está nesta lista, conforme você deve ter visto alguns itens acima), eclipsou completamente a outra película, lançada um ano antes, por mais que ambas sejam bem interessantes e bem conduzidas. Aqui, temos Billy Crudup como o atleta e Donald Sutherland no papel de seu treinador. Foi a segunda parceria “olímpica” entre Towne e Kenny Moore, produtor que foi amigo pessoal de Prefontaine.

Munique (2005)
É menos um filme sobre atletas superando limites e mais sobre uma tragédia que aconteceu em 1972, durante a disputa esportiva que rolou na cidade alemã que dá nome ao filme. Dirigido por Steven Spielberg, trata de um grupo de agentes secretos do governo israelense enviado para encontrar os integrantes da chamada Organização Setembro Negro, grupo terrorista palestino responsável pelo sequestro e morte de 11 atletas de Israel em um atentado naquele ano.

Munique, 1972: Um Dia em Setembro (1999)
Documentário vencedor do Oscar em 2000 narra (com a voz de Michael Douglas) como foi o dia 05 de Setembro de 1972, quando os 11 atletas israelenses foram assassinados.

Salute (2008)
A cena é clássica. Durante a premiação dos 200m livre da Olimpíada de 1968, na Cidade do México, dois homens negros levantam seus pulsos, usando luvas negras. O filme conta um pouco da história do ato, através do olhar de Peter Norman, australiano segundo colocado na prova, que não só apoiou a manifestação, como sugeriu a divisão de luvas e acabou sendo reprimido pelo seu país natal e relegação ao ostracismo na mídia de lá.

Asterix nos Jogos Olímpicos (2008)
Nos quadrinhos, Asterix nos Jogos Olímpicos saiu em 1968, pra coincidir com os jogos do México, e foi traduzido pro inglês em 1972, pra coincidir com os jogos de Munique e, atual o suficiente, focava e satirizava o doping. O filme não tem muito a ver, nesse sentido, mas vale pela galhofa — além de ter sido o filme francês mais caro de todos os tempos, na época. :)

Invencível (2014)
Drama biográfico produzido e dirigido por Angelina Jolie, baseado no livro de Laura Hillenbrand, Unbroken: A World War II Story of Survival, Resilience, and Redemption. O título quilométrico do livro original já entrega a alta carga de sofrimento que vem a seguir: a história de Louis “Louie” Zamperini, atleta olímpico dos EUA que, anos depois de correr representando o seu país, vai parar na Segunda Guerra Mundial, servindo como piloto de um bombardeiro que ataca a ilha de Nauru, mantida sob controle do Japão. O avião é derrubado, cai no oceano e Louie sobrevive durante 47 dias em uma balsa, para depois ainda ser enviado a um campo de prisioneiros de guerra.

Voando Alto (2016)
Comédia inspirada na vida de Michael “Eddie” Edwards, batizado pela mídia de Eddie The Eagle, praticante de salto com esqui e que, em 1988, tornou-se o primeiro representante da Inglaterra na modalidade em Olimpíadas desde o ano de 1929. Tem um tom de Jamaica Abaixo de Zero, na questão de ser um sujeito absolutamente desacreditado e nas divertidas interações com o treinador improvável, Bronson Peary (Hugh Jackman) – que o próprio Eddie já confirmou, aliás, ser um personagem fictício.

sábado, 6 de agosto de 2016

Star Trek: Sem Fronteiras é uma celebração ao que a franquia tem de melhor

Nesses 50 anos de Jornada nas Estrelas, o reboot encontra o equilíbrio perfeito entre emoção, ação e aventura

Quando penso sobre a tripulação clássica da Enterprise, a primeira coisa que vem à minha cabeça é a relação entre aqueles personagens. Todos eles isolados no espaço, contando apenas uns com os outros, em uma missão de cinco anos em busca de novas formas de vida, civilizações. Audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve, mas enfrentando emoções e dificuldades bem terrenas.

Quando rolou o reboot de Jornada nas Estrelas, lá em 2009, JJ Abrams e a Paramount nos deram a oportunidade de revisitar essa relação, conhecendo-a bem no comecinho – por mais que fosse um novo universo, uma nova realidade alterada pelas ações do vilão Nero. Essa afinidade cresceu mais no filme e chega em Star Trek: Sem Fronteiras como o verdadeiro coração da história. Mais do que nunca, esta voltou a ser uma história sobre pessoas.

Quando o filme começa, nós reencontramos a Enterprise já na segunda metade da famosa missão de cinco anos. A essa altura, a tripulação é uma família, com seus defeitos, qualidades e problemas. Porém, é uma família forjada na solidão e na autopreservação, superando barreiras étnicas e culturais para criar laços únicos, que ficarão para toda a eternidade.

Só que é difícil encontrar motivação quando a nossa vida vira uma grande rotina — vamos combinar, o espaço tem muito mais vazio do que coisas pra se ver. É o caso do Capitão Kirk. Ele finalmente encontra esse dilema, que a versão original do personagem também teve, só que com um agravante: este Kirk não entrou para a Frota Estelar porque se sentiu inspirado pelos feitos do pai, contados à exaustão pelo próprio, mas porque foi perseguido pela bravura dele, que deu a vida para salvar toda uma tripulação.

Há coração também na saudade do Sulu. Quando ele reencontra a família, mesmo que por alguns segundos, dá pra sentir toda a emoção daquele momento. É essa cena rápida que estabelece a motivação daquele personagem, que o leva pra frente durante todo o resto da história.

E é essa mesma sequência, que celebra a vida, que faz o link para a seguinte, que traz uma grande homenagem ao Leonard Nimoy. Não que ela celebre a morte – isso seria ilógico, já diria um grande amigo de orelhas pontudas – mas sim o legado deixado para aqueles que seguem a vida. Legado esse que passa a pesar nos ombros do jovem Spock, da mesma forma que já vinha pesando para o jovem Kirk.


Quando a ação e a porradaria começam, fica clara essa veia mais moderna de Jornada nas Estrelas, iniciada por Abrams em 2009. Justin Lin, de Velozes & Furiosos, é realmente uma grande adição à jogada, com ótimas cenas de ação. Tudo funciona muito bem. Ainda sim, mesmo nessas horas, o coração continua lá – outro mérito de Lin e do roteiro co-escrito por Simon Pegg (o Scotty) e Doug Jun. Ele está, por exemplo, em como Spock e o Dr. McCoy se relacionam na hora do aperto, com aquela amizade na qual um ama o outro, mas nunca dizem isso e se cutucam para seguir em frente. E está na motivação do vilão Krall, interpretado pelo Idris Elba. É a solidão e o ódio que movimentam as ações do antagonista, em um paralelo interessante com as mesmas dúvidas de Kirk no começo do filme.

São estas relações de amor, ódio, traição e amizade que guiam o filme — como guiavam os melhores episódios da série clássica. Inclusive, ajudam a introduzir uma nova personagem ao cânone da série, Jaylah (Sofia Boutella). Mas, esse foco nos relacionamentos pode ter deixado menos tempo para explorar o grande plano do Krall. Algumas soluções são bem simples, principalmente na última parte da história, mas entendíveis quando você olha para o todo e onde o filme chega quando acabam as suas 2h02min de duração.

Star Trek: Sem Fronteiras é como um abraço caloroso daquela pessoa que você ama tanto após uma longa viagem — seja para os fãs das antigas ou aqueles que vieram com o reboot. Os 50 anos de Jornada nas Estrelas não poderiam ter uma celebração melhor. ;)

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Esquadrão Suicida e problema do universo cinematográfico da DC

Em 2012, enquanto a Marvel concretizava o seu plano de um universo cinematográfico com Vingadores, Christopher Nolan encerrava a sua trilogia sobre o Homem-Morcego e a Warner Bros. ganhava um problema: sua próxima adaptação da DC deveria iniciar uma nova franquia dentro da nova tendência, com uma realidade compartilhada entre filmes.

Homem de Aço (2013) nasceu com essa missão, mas ficou aquém da expectativa do estúdio. A visão sombria de Zack Snyder para Superman faturou US$ 668 milhões mundialmente, uma cifra positiva, mas abaixo do valor da marca de um dos heróis mais conhecidos da cultura pop. No mesmo ano, Homem de Ferro 3 faturara US$ 1,2 bilhão mundialmente e Thor: O Mundo Sombrio chegava a um total arrecadado de US$ 644 milhões. Ainda assim, Homem de Aço fez quase o dobro que Batman Begins (US$ 374 milhões arrecadados mundialmente em 2005), o que indicava um começo promissor para a nova fase da DC no estúdio.

Seu sucessor, Batman Vs Superman: A Origem da Justiça (2016), pretendia concretizar esse universo cinematográfico. A ideia, nascida dias antes do seu anúncio na San Diego Comic-Con 2013 (saiba mais), tinha como objetivo reunir os heróis mais conhecidos da DC e criar a base para a Liga da Justiça, levando ao filme do grupo e aos filmes solos dos seus integrantes. Apesar da arrecadação aparentemente positiva, US$ 872 mundialmente, o longa ficou mais uma vez aquém da expectativa do estúdio, que esperava receber boas críticas e faturar facilmente US$ 1 bilhão (como fizera O Cavaleiro das Trevas em 2008).

As atenções se voltaram para Esquadrão Suicida. A produção assinada por David Ayer, também arranjada rapidamente (entenda aqui), parecia ser a peça que faltava à DC para conquistar o grande público nos cinemas. Os trailers prometiam subverter o gênero dos super-heróis, a trilha sonora era cativante e as frases de efeito indicavam humor. O verdadeiro filme de Ayer, porém, não carregava o otimismo das prévias. Segundo o Hollywood Reporter, em uma atitude um tanto desesperada, a Warner procurou a Trailer Park, empresa responsável pelo segundo teaser, para ajudar na criação de uma versão mais “solar” do longa (saiba mais).

A crítica não comprou a estratégia, destruindo mais uma vez um título da DC/Warner por sua falta de coesão. Com uma lista de cenas que estão nos trailers e não estão no filme (veja aqui), Esquadrão Suicida escancara a falta de planejamento e controle do estúdio. Como um roteiro, cujo tom havia sido aprovado pelo presidente da Warner Bros. Greg Silverman e pelo CEO do estúdio Kevin Tsujihara, precisa depois passar por tantas mudanças, incluindo custosas refilmagens? Como o Coringa de Jared Leto, que tanto causou durante as gravações (saiba mais), teve tantas cenas cortadas? Tudo indica que, com a decepção por Batman Vs Superman, o estúdio perdeu a confiança no material que tinha em mãos. Acabou com um filme picotado, com vislumbres do seu potencial e um sentimento geral de desperdício.


“Fiz o filme para pessoas reais no mundo real. Fiz o filme para pessoas que realmente amam filmes e vão ao cinema. O filme é muito divertido e os fãs vão gostar disso”, rebateu Ayer sobre as críticas. Ou seja, a expectativa está na resposta do público. Afinal, a montagem do longa que está nos cinemas foi a vencedora nas sessões-teste. Há cor, músicas pop e frases de efeito suficientes para conquistar a audiência necessária para fechar ou superar os US$ 750 milhões que tornariam a produção lucrativa.

Se a bilheteria responder como esperado, a DC, mesmo a contragosto da crítica, terá finalmente encontrado a sua resposta. Do contrário, Esquadrão Suicida apenas repassará a missão de atender o potencial desse universo cinematográfico para Mulher-Maravilha, o próximo lançamento do selo, previsto para junho de 2017. Se falhar novamente, a responsabilidade passa para Liga da Justiça, previsto para novembro do mesmo ano. A necessidade de recriar rapidamente o "modelo Marvel" e um excesso de confiança inicial gerou esse efeito bola de neve. Na Sony, o fracasso do segundo Espetacular Homem-Aranha levou ao caos, com estúdio cancelando seu terceiro longa e passando meses de incerteza, jogando para todos os lados (entenda), até encontrar um norte na parceria com o Marvel Studios. Já a Warner não tem mais como reiniciar a sua franquia, mesmo que seus produtos não cheguem ao resultado esperado.

Além de Mulher-Maravilha e Liga da Justiça, o estúdio já trabalha nos filmes solo de Batman (com Ben Affleck na direção), Aquaman (de James Wan) e The Flash (de Rick Famuyiwa), em um cronograma oficializado na última San Diego Comic-Con. Esse universo precisa funcionar. A versão “leve” de Esquadrão Suicida foi um tapa-buraco motivado por expectativas de mercado. A derradeira solução passando pela reestruturação da DC Films. Geoff Johns, chefe criativo da editora, e Jon Berg, o vice-presidente executivo da Warner, assumiram os filmes de super-heróis da casa depois que Charles Roven, produtor intimamente ligado a Batman Vs Superman e Esquadrão, foi afastado. O efeito esperado é o mesmo causado por Kevin Feige no Marvel Studios ou John Lasseter na Disney Animation: uma renascença criativa - leia mais.

Essa centralização em Berg e Johns, que agora é também presidente e chefe criativo da DC Entertainment, é fundamental para um planejamento consciente da franquia. Isso não significa ter o controle absoluto da visão de seus cineastas, mas preparação. A Warner precisa saber o que quer desde o início e acreditar nas suas ideias. Sem versões estendidas, sem montagens alternativas, sem soluções de último minuto, sem querer ser o que não é. Os heróis da DC merecem chegar ao seu verdadeiro potencial nas telas.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Stranger Things - Atores mirins contam o que mais gostaram sobre viver crianças dos anos 80

Queridinha repentina do público mundial, Stranger Things chegou para ficar e o elenco da série subiu ao palco do TCA, apresentação das emissoras para a Associação de Críticos Televisivos dos EUA, para falar um pouco mais sobre a reação do público à série.

Estavam presentes os criadores Matt e Ross Duffer, Winona Ryder, Millie Bobby Brown, Caleb McLaughlin e Gaten Matarazzo, que comentaram sobre a vibe anos 1980 da série, os fãs e a ótima relação entre as crianças.

Boa parte do foco do painel foi em Brown, que se destacou no papel de Onze. Antes de viver a garota vítima de experimentos do governo, a jovem fez Intruders, outra série de suspense. Questionada se ela prefere esse tipo de papel, Brown disse não conseguir se imaginar em uma comédia: "eu gosto de papéis mais sombrios, mas também gosto muito de novos desafios", explicou.

Em todos os momentos, os três astros mirins presentes na apresentação transpareceram sua amizade, formada no set. Muito amigos, Matarazzo, Brow e McLaughlin se divertiram muito durante as gravações e lembraram muito do colega de elenco que acabou não comparecendo ao evento. "Essas crianças são tão especiais e talentosas. Todos eles amam atuar o que torna tudo muito mais fácil", explicou Ryder.

Com relação às referências, os irmãos Duffer foram muito explicitos em dizer que buscaram, sim, muitas coisas nos anos 1980: "somos muito fãs de David Lynch e Steven Spielberg, era isso que assistíamos sem parar em VHS. [...] A nossa geração foi a última a crescer sem internet, então usamos muito isso na série."

Quando questionados sobre o que foi mais legal em interpretar crianças da década de 80, cada um dos três teve uma resposta diferente: "Andar de bicicleta o tempo todo, os cabelão e as calças largas", contou McLaughlin. Para Matarazzo, o mais legal "foi segurara aqueles walkie talkies grandões. É muito legal fazer as coisas que meu pai fazia quando ele era criança". Brown, por sua vez, gostou da liberdade: "andar de bicicleta e poder ir aonde eu quero ir sem ter medo de nada". A garota também achou a ideia de uma vitrola muito interessante: "eu não tinha ideia do que era! Amei quando descobri e até pedi uma de Natal!"

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Crítica de Esquadrão Suicida

Todo diretor de cinema parece a pessoa mais miserável do mundo às vésperas do lançamento de um filme seu. David Ayer além de abatido pelo processo de finalização do longa da equipe de vilões da DC, estava estranhamente resignado: seu lugar de preferência é no set, ao lado de atores, e ele diz que a montagem de Suicide Squad foi particularmente difícil.

Sem entrar no mérito das refilmagens e das mudanças de tom que acompanharam toda a divulgação do filme - que parecia um Seven com supervilões no trailer da Comic-Con de 2015 e depois de Deadpool ganhou uma cara muito mais cartunesca - a primeira meia hora de Esquadrão Suicida evidencia essa dificuldade da montagem. Cartelas animadas e canções se sobrepõem para tentar dar conta da apresentação dos personagens e instilar no filme um dinamismo pop, mas o começo é apressado e truncado, como na cena do eletrochoque com o Coringa, incompreensível do ponto de vista da continuidade. Também nas entrevistas, Jared Leto nos disse que muito material do palhaço ficou de fora, e é visível que esse início de filme passou pelos cortes mais pesados.

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Pode parecer uma questão menor dentro da lógica de todo blockbuster - mais preocupados em oferecer cenas de ação a cada 20 minutos do que a estabelecer arcos de personagens - mas a partir do momento em que Esquadrão Suicida queima a largada, oferecendo de forma automatizada um par de flashbacks de origem sem um senso de criação de expectativa ou de revelação, tudo o que vem depois passa a soar igualmente desobrigado de envolver o espectador. A missão logo se apresenta para o grupo recém-formado de vilões - depois de uma ou duas viradas também ligeiras envolvendo Magia (Cara Delevingne, à vontade na sua releitura de Sigourney Weaver possuída em Caça-Fantasmas) - e Ayer termina fazendo uma longa cena de batalha com uma hora de duração e as mesmas ameaças de destruction porn que Marvel e DC aprenderam com Michael Bay e Roland Emmerich.

Assim como em Corações de Ferro, o superestimado longa anterior de Ayer, o filme joga tudo na ideia de que, em meio à ação, uma química brotará entre os protagonistas e será capaz de desenvolver espontaneamente esses dramas que no fundo podem ser bem densos, especialmente o da médica enlouquecida por uma relação abusiva. Embora se veja condicionada a um texto mais dedicado aos momentos cronometrados de alívio cômico - fazer de Esquadrão Suicida um filme que se propõe sério mas não tão sério assim - Margot Robbie consegue dar à Arlequina alguma vida própria. Já o Coringa tarado de Leto, mistura de Voldemort com Tony Montana, não tem espaço para crescer embora insista em aparecer no filme todo, e termina mais inconveniente do que perigoso.

Robbie não é o único destaque; as mulheres especialmente se sobressaem, e Viola Davis cria uma Amanda Waller que faz justiça à força que a personagem tem nos quadrinhos. São vitórias pontuais, porém. O mais frustrante de tudo é a sensação de oportunidade mal aproveitada. Esquadrão Suicida tinha, talvez até mais do que Deadpool, o potencial de oxigenar os filmes de super-herói, com personagens escolhidos a dedo na excelente galeria de vilões de Batman, mas David Ayer não encontra um tom para seu filme de início, depois desiste francamente de procurar, e termina se contentando com as soluções mais burocráticas do gênero.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Aerosmith

Já quando o AEROSMITH lançou seu álbum de estréia em 1973, a banda de Boston queria ser os ROLLING STONES. Desde os riffs de guitarra aos movimentos "jaggerianos" de Steven Tyler, a banda raramente escondeu a influência dos STONES nos primeiros dias. Mas com o tempo, eles se transformaram em uma das melhores bandas da América. Algumas bem documentadas batalhas pessoais afastaram o grupo no início dos anos 80 antes que um retorno triunfal depois dessa década os transformasse em estrelas ainda maiores. Nossa lista das Top 10 músicas do Aerosmith atravessa os anos 70 através dos anos 90 (sim, aquela música 'Armageddon' está aqui). Grandes canções como "Love In An Elevator" (uma das minhas preferidas).


10 - Mama Kin

9 - Dude Looks Like a Lady

8 - Crying



7 - Janie´s Got a Gun

6 - I Don´t Want to Miss a Thing

5 - Walk This Way


4 - Same Old Song and Dance


3 - Love in an Elevator


2 - Dream On


1 - Amazing

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Harry Potter and the Cursed Child é uma experiência diferente e ao mesmo tempo familiar para os fãs

Ela disse que a história estava encerrada. Ao final do sétimo livro, J.K. Rowling anunciou que não escreveria novos livros sobre Harry Potter. E não é o caso de um autor preso a um único sucesso. Desde o fim da série que a tornou milionária, Rowling lançou novos títulos elogiados, como Morte Súbita e a série Cormoran Strike.


Mas há algo de divino, sagrado e profano na ligação entre um autor e seu texto que não admite muita distância, embora o novo livro, divulgado como “a oitava história” de Harry Potter não tenha de fato sido escrito por ela e não seja um livro como os demais. O que a edição britânica lançada à meia-noite deste sábado traz não é uma narrativa, mas sim o roteiro da peça escrita pelo dramaturgo Jack Thorne a partir de uma história de Rowling, Thorne e do diretor John Tiffany, e deve ser lido como tal. São duas partes divididas em dois atos cada com indicações de cena e os diálogos entre os personagens. Assim, a experiência para os leitores é diferente, mas os elementos conhecidos da série, amizade, aventura, fantasia, estão lá.

Não é segredo que a história começa na estação de King's Cross quando Harry, Gina, Ron e Hermione se despedem dos filhos. O final feliz após a sangrenta batalha de Hogwarts. O ponto de partida é o diálogo que acontece ali entre Harry e seu caçula, Alvo Severo, que teme ser escolhido pelo Chapéu Seletor para a Sonserina. A partir desse trecho entre pai e filho, a peça focaliza as dificuldades que a nova geração enfrenta para carregar a herança de seus pais. Não é fácil ser o filho do grande Harry Potter, salvador do mundo, como não é fácil ser Escórpio, filho de Draco Malfoy, seguidor de Voldemort. A sociedade espera algo dos herdeiros, sem perguntar o que eles de fato desejam, assim como esperava de Harry algo que ele nunca havia pedido. A necessidade de encontrar seu lugar, ser visto como uma pessoa e não como o filho de alguém é o que move a história levando à aventura que caracterizou a série.

Ciente de que grande parte dos fãs originais agora são adultos, o enredo mantém Harry, Ron e Hermione por perto, com retorno a outras cenas dos livros originais. O recurso atualiza os novos leitores e torna a história interessante também para os mais antigos, respondendo ainda a algumas perguntas que ficaram pelo caminho. Afinal, com tanta bruxaria poderosa ao alcance da mão, deveria ter sido possível evitar a mortandade de personagens ao longo dos sete livros. Mas é também a perda que faz de Harry Potter um personagem próximo ao público.

Os que se foram são parte perene da vida daqueles que ficam e a peça endereça essa questão em uma de suas cenas mais pungentes. Seria ótimo ver o resultado no palco, desde que o ingresso não estourasse os cofres, ver que soluções cênicas foram encontradas para contar esta história sem as facilidades da computação gráfica, mas o script, que ganha tradução brasileira em outubro, cumpre o papel de contar mais um capítulo da saga de Harry Potter. Sim, pode chamá-lo de livro oito. E não haverá surpresa se essa história for parar nas telas.