domingo, 31 de julho de 2016

Prepare-se para conhecer a mais sombria das Ligas da Justiça

Filme animado da Liga da Justiça Sombria sai este ano, abrindo todo o campo da magia para o Universo DC Animado. Conheça os personagens e outros detalhes num sneak peek de OITO minutos!

O que está além da compreensão e da lógica do Batman? O que é uma das grandes fraquezas do Superman? O que é impossível de ser resolvido com a velocidade do Flash ou com as TRAQUITANAS do Cyborg? O que está além até dos poderes mitológicos da Mulher-Maravilha? Que não cai nessa balela de “força de vontade” do Lanterna Verde? E que, mesmo com toda essa galera junta, é quase impossível de ser vencida?

É a doce e sombria MAGIA.

Para enfrentar essa podridão do Universo DC, eis que surge a necessidade de criar um grupo que possa ir a lugares nos quais a Liga da Justiça tradicional nunca chegaria. E esse grupo é a Liga da Justiça Sombria, que irá ganhar o primeiro filme animado no final deste ano — chamado simplesmente de Justice League Dark.

Como parte do lançamento de Batman: A Piada Mortal, o mais recente filme animado da DC, foi revelado também um sneak peek do próximo filme, com detalhes sobre o roteiro, do processo de animação, integrantes do time e, claro, dubladores.

Justice League Dark será um filme de origem. Com diversas modificações, vai adaptar o primeiro arco do time, que começou a ser publicado logo após o reboot da cronologia dos quadrinhos da DC, em 2011. A revista foi um dos destaques da iniciativa editorial chamada Os Novos 52, por trazer de volta a magia e o oculto para o centro do Universo DC – nos 20 anos anteriores, esses personagens tinham ficado reclusos no selo Vertigo.



Pra lançar o gibi, na época, a editora chamou o roteirista Peter Milligan, que já tinha escrito histórias do Constantine e acumulava bastante experiência com magia, e arte do Mike Janin. No primeiro arco, a Magia (ou Encantadora, enfim, a mesma do filme do Esquadrão Suicida) derrota a Liga da Justiça “oficial”, aquela de Batman e Superman, forçando a união de um grupo de personagens com poderes mágicos. Zatanna, então, se encontra com John Constantine, Desafiador, Madame Xanadu e Shade, O Homem Mutável, para unir forças e derrotar a vilã.

sábado, 30 de julho de 2016

O Bom Gigante Amigo é exatamente o que você espera de um filme de Steven Spielberg

Longe dos melhores trabalhos do diretor, seu primeiro filme Disney faz jus a toda sua obra

O Bom Gigante Amigo tá longe de ser o melhor de Steven Spielberg. Longe de ser seu melhor filme, longe da sua melhor forma.

É um filme que talvez esteja sendo lançado na época errada (não se parece com o que se espera que esteja em cartaz nessa época do ano, ainda mais se tratando de um filme infantil) e que muito provavelmente vai ser esquecido daqui a pouco.

Mas ainda é um filme de Steven Spielberg. Sabe como é? :D

A sinopse oficial do filme, adaptação do livro de Roald Dahl, diz que O Bom Gigante Amigo conta a história de Sophie, uma orfã que “encontra um gigante amigável que, apesar de sua aparência assustadora, se mostra uma alma bondosa, um ser renegado pelos seus semelhantes por se recusar a comer meninos e meninas”. Até tá certo, se o encontro não fosse porque ela tem insônia, viu o monstro quando não devia e ele a sequestrou pra evitar que mais alguém soubesse da sua existência.

É aí, porém, que a parte legal do filme começa, porque é quando começamos a entrar na cabeça do Bom Gigante Amigo. Um magrelo, vegetariano, incrivelmente menor do que os outros gigantes, VALENTÕES comedores de criancinhas, cujo trabalho é criar sonhos. É, óbvio, aí que começa também o show de Mark Rylance no papel do BGA, o que diz duas coisas sobre “um filme de Steven Spielberg”.

SPIELBERG CONSEGUE CRIAR EMPATIA ENTRE NÓS E OS PERSONAGENS MAIS ALEATÓRIOS COMO NINGUÉM.

Primeiro, o cara segura bastante a relação entre a tecnologia e atuações reais. Você percebe, SENTE a atuação de Mark Rylance, mesmo que o esteja vendo seja um gigante orelhudo. Segundo que ele consegue, como ninguém, criar empatia pelos mais aleatórios personagens de que se tem notícia. :)

Mas o grande destaque do filme é Ruby Barnhill, a garota de 12 anos que interpreta Sophie. Dois segundos de cena e seu coração se enche de :D, tamanho o carisma da menina, peça chave de como a gente acaba enxergando o tal do Bom Gigante Amigo. Ela tem força, é esperta, inteligente, teimosa, num segundo quer fugir de todo jeito da terra dos gigantes e no seguinte não quer mais, nunca mais, sair do lado dele.

Sophie é mais uma das crianças protagonistas de Spielberg, sim, mas se até hoje falam de Drew Barrymore em E.T, não me surpreenderia se daqui 35 anos digam coisas como “Ruby Barnhill, a garotinha de BGA”.

Aliás, se você assistir à Bom Gigante Amigo e sentir alguma coisa de E.T, além da melancolia, da amizade improvável e de personagens tão cativantes, não se surpreenda. Os dois filmes foram escritos por Melissa Mathison, que morreu ainda durante a produção do filme, aos 65 anos.

Outros destaques do filme são a sequência na árvore dos sonhos, emocionante, e a maneira como Spielberg se deixou divertir com a história, o que o festival de peidos envolvendo a Rainha da Inglaterra demonstra claramente. Mas, veja: é um festival de peidos do Spielberg, devidamente contextualizado, colorido e divertido. Esqueça Adam Sandler. ;D

O Bom Gigante Amigo é um filme que depende do esforço de quem assiste pra funcionar. Não é um filme que vai, o tempo todo, martelar sua cabeça lembrando da existência ou vai realmente chamar sua atenção quando você tiver adicionando coisas na sua lista do Netflix. Você precisa querer assistí-lo e, eventualmente, precisa querer voltar a ele.

Pra você entender, assisti ao há duas semanas e só vendo a agenda de estreias lembrei que ele chegava aos cinemas nessa quinta (28). Escrevendo sobre, não vejo a hora de poder revê-lo.

Porque é um filme do Steven Spielberg, sabe como é? ;)

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Kill 'Em All - 33 anos depois ainda é um registro cru e pesado do primeiro passo do Thrash Metal

Se você em algum período da vida ouviu metal - seja qual for a vertente -, sem dúvida, esse álbum já te fez bater cabeça sozinho ou acompanhado. Um marco na história do rock, com sonoridade crua, rápida e marcante, Kill 'Em All, primeiro disco do Metallica, abriu caminho para que outras bandas fossem capazes de mostrar um som parecido e também serem absorvidas pelo movimento thrash metal norte-americano. Conjextura que deu início a saga que, no final da década de oitenta, início dos noventa, levou todos aos shows gigantes em estádios ao redor do mundo.

Mas qual seria o porquê de um álbum que deveria chamar Metal Up Your Ass - e ter uma capa na qual uma mão com uma espada saía de uma privada - pode ser uma das obras mais influentes do rock recente?

As melhores camisetas do Metallica

Bem, como sempre, a história do momento mostra por si só. Pouco antes de gravar o álbum, o Metallica trabalhava com a sua formação mais promissora, com o baixista Cliff Burton, que ainda seria membro da banda por mais dois álbuns, e Dave Mustaine (criador do Megadeath), que foi expulso do grupo pouquíssimo tempo antes do álbum ser gravado. Isso fica claro quando vemos os créditos de sua colaboração em faixas como ”Phantom Lord,” “Metal Militia” e “The Four Horsemen”.

Polêmicas à parte, e apesar de Kirk Hammett, o substituto, ter aprendido os solos que Mustaine deixou, em 15 dias, o charme do álbum - se é que o uso dessa palavra cabe em um material tão bruto - é a crueza do som. Sonoridades muito próximas de uma mixagem básica, mas, que justamente por isso, torna o disco algo tão emblemático e reconhecível em qualquer época.

E claro, é importante contar que, na época do lançamento, a cena do thrash metal norte-americana estava em plena expansão e o Metallica era um dos principais fatores nessa equação. Mas a banda não podia perder o bonde de ser uma das primeiras a lançar um material com punch para ser marcante. Assim, o tempo para a gravação foi o inimigo e o aliado do grupo, justamente por gerar o resultado marcante do disco.

Kirk Hammett, em entrevista ao Loudwire, comentando sobre os trinta anos do álbum, afirmou que , "[...] se nós tivéssemos mais tempo para trabalhar no álbum, ele não teria ficado com o som que tem".  E complementa, “Quando eu penso em Kill ‘Em All, eu penso nele sendo muito visceral", o que ele realmente é de verdade.

Ainda sobre a sonoridade do álbum, em artigo também da Loudwire, é dito que os produtores do disco não estavam acostumado a gravar bandas de thrash metal e, por isso, eles usaram as configurações das bandas de rock tradicionais. Esse arranjo fez com que o som ficasse muito saturado. Para diminuir a saturação sonora, o volume das guitarras foi reduzido enquanto a bateria foi mixada com mais volume do que o resto dos instrumentos, mas quando o presidente da gravadora ouviu o resultado, ele não ficou satisfeito com o que foi feito e os produtores precisaram acertar isso em outra mixagem. E essa foi a receita do sucesso.

Esse álbum, pra mim, que conheci o Metallica com o Load, foi um divisor de águas. A velocidade dos riffs, dos solos, o vocal gritado... Quatro caras que eu não sabia se um ou dois eram mulheres... E um poder inquestionável em cada faixa. Com certeza, uma criação indispensável para quem gosta ou pretende conhecer um pouco mais sobre o rock e de onde veio uma de suas vertentes mais famosas.

E isso deixa em primeiro plano a grande diferença entre o que temos hoje no mercado fonográfico, no qual muitos grupos já nascem superproduzidos, e o que o Metallica fez em seu tempo, já que o grupo foi capaz de entregar algo inovador, pesado e único, dispondo apenas de cuidados básicos, e, ainda sim, transformar seu primeiro disco em algo que ganhou -  ainda - mais valor com o tempo.

Isso fica claro, principalmente pela curva de vendas (não que essa seja a métrica ideal para aferir bons trabalhos), que atingiu o topo em 1991, quando a banda flertava com uma pegada mais palatável, por meio do álbum preto, e chegava ao mainstream do mercado mundial. E isso expõe, de maneira ainda mais clara, a importância do que o grupo fez em seu primeiro trabalho, já que é de se pensar que uma banda que passa para uma sonoridade mais fácil não irá conseguir manter as vendas de um álbum tão visceral e cru em ascendência, o que aconteceu com eles, já que Kill 'Em All ganhou Certificado de Platina em 1991 - um milhão de cópias vendidas nos Estados Unidos - e em 1999 recebeu o certificado de Platina Tripla, algo que poucas produções conseguem fazer em um período de tempo tão amplo.

Por fim, a obra continua muito importante para o Metallica e seus fãs, já que até hoje, em suas turnês, o grupo continua a executar faixas como “Seek & Destroy”, “No Remorse” e “Metal Militia”.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Ezekiel & Shiva: um pouco mais sobre os novos personagens de The Walking Dead

Trailer da 7a temporada, sem poder mostrar nenhum dos personagens que se ajoelharam na frente do Negan, nos leva ao Kingdom!

Painel de The Walking Dead na San Diego Comic-Con 101: começa com a data de estreia da temporada (a da sétima é 23 de Outubro, com oito episódios anted do midseason), em algum momento algo sobre os bastidores é dito ou mostrado (Norman Reedus colocou glitter no ar condicionado do carro de Andrew Lincoln, que se vingou ao vivo no palco do Hall H) e um trailer é exibido depois de alguns minutos de conversa.

Conversa que, nessa sexta (22) começou com Chris Hardwick tentando tirar da frente o elefante que tava na sala, questionando Robert Kirkman sobre o tal cliffhanger maldito da última temporada, que deixou a galera puta da vida (incluindo esta que vos escreve). Segundo o criador da porra toda, a frustração acaba já já e o episódio será brilhante, valendo a espera. Será?

Scott Gimple, produtor, revelou que na sétima temporada iremos a um lugar conhecido dos leitores dos quadrinhos, The Kingdom, enquanto Gale Anne Hurd, a chefona da porra toda, contou que daqui pra frente o universo tende a expandir, com os personagens encontrando novos amigos e inimigos e até personagens não-humanos... MEOW.


Segura as pontas aí, que eu já volto pra falar do trailer. Porque, depois que ele foi exibido, o elenco subiu ao placo e junto veio uma chuva de gritos. Mas quando Jeffery Dean Morgan entrou, até eu gritei. O cara tava segurando a Lucille e começa a falar que nem o Negan, com seus fucks e motherfuckers (velhos conhecidos de quem lê o quadrinho), andando por trás dos colegas, assim como fez naquele fim de temporada escroto.

Eu disse que tava puta com o fim da sexta temporada, já?

Michael Cudlitz acredita que Abraham ainda ama Rosita e faria tudo por ela. Segundo ele, o relacionamento entre Abraham e Rosita começou por conveniência, mas se tornou em uma coisa real e companheira, mas agora com a Sasha, ele tá genuinamente se apaixonando de uma forma natural. Sonequa Martin-Green aproveitou a conversa e contou que ela e Cudlitz passaram tanto tempo juntos dentro daquele carro que em um certo ponto, Cudlitz tava até ajudando enquanto ela bombeava leite para amamentar seu bebê recém-nascido. <3

Melissa McBride (Carol) e Lennie James (Morgan) mandaram apenas uma mensagem pré-gravada, mas estavam ambos felizes de não estarem presentes, já que sentados na mesa estavam apenas as possíveis vítimas de Negan — ainda que Kirkman já tenha afirmado que o Rick não morre, caso alguém cogitasse a ideia. Melissa ressaltou que estava BASTANTE feliz de estar longe “daquele maníaco do taco”, mas logo em seguida é revelado que era Jeffrey Dean-Morgan quem estava segurando a câmera pra Melissa.

Tá. O trailer. #TaraLives e, aparentemente, resolveu chutar algumas diversas bundas (ainda mais porque, ao contrário do que aconteceu na última temporada, ela não está mais grávida). Mas lembra daquele povo dos cavalos e armaduras que o Morgan e a Carol encontraram? Eles fazem parte do Kingdom, um lugar tipo Alexandria, liderado por Ezekiel e Shiva ou, em outras palavras, um cara que tem o título de REI e um FUCKING TIGRE de estimação. GAME OVER!

Mas, se isso ainda não te convence do quão irado é esse personagem ou se simplesmente quer conhecê-lo porque, bom, é um cara que tem um tigre de estimação... :D

SPOILER! 

Ezekiel pré-apocalipse trabalhava num zoológico e está com sua “gatinha” Shiva desde que ela nasceu. Depois do mundo vir abaixo, Ezekiel se tornou o líder do Kingdom que, nos quadrinhos, já tem um acordo comercial com Hilltop e Alexandria, antes mesmo do Rick e sua trupe aparecerem. As três comunidades sobrem abuso de Negan e seus Saviors, mas Ezekiel é o único que realmente quer fazer algo contra isso e é essa vontade de rebelião que une Rick e Ezekiel, com uma ajuda do Jesus. Amém!

No seriado, Maggie acabou de fazer um acordo com Gregory, de Hilltop, para ganhar mais comida em troca de defesa contra Negan. Como Carol e Morgan estão a caminho do Kingdom, eu acredito que Ezekiel vai escutar a história da invasão ao Santuário e será a responsável pela união do seu antigo grupo com o novo. Ela ou o Morgan, enfim.

EZEKIEL É O LÍDER DO KINGDOM, UM GRUPO QUE NOS QUADRINHOS PARTICIPA DA REBELIÃO CONTRA O NEGAN... E TEM UM TIGRE DE ESTIMAÇÃO. UM FUCKING TIGRE!

Nas HQs, rola toda uma treta com o Negan e o Ezekiel serve como um conselheiro, ajudando Rick a formar um plano de ataque. Numa das idas do nosso herói ao Kingdom, ele leva Michonne CONSIGO e o Ezekiel se interessa por ela. Michonne não dá muita bola, e eles acabam até brigando num nível em que ESPADAS são utilizadas, mas aí depois eles conversam, começam a se abrir um com o outro, contar suas historias passadas, flertam um pouco e mais tarde na história acabam se envolvendo. Como sabemos, Michonne e Rick começaram um relacionamento na temporada passada do seriado e confesso que estou curiosa pra saber o que vai acontecer aí. Outro triângulo amoroso pro seriado? Vão apenas desistir da idéia de arranjar uma “rainha” pra ele? Ou vão arranjar outra pessoa pra Ezekiel, tipo... a Carol? :D

Desde que o conhecemos nos quadrinhos, a ideia que temos do Ezekial é de uma pessoa equilibrada, inteligente e carismática. Ele é um cara forte, que anda por aí com seu gatinho, quer se rebelar contra o Negan... só pode ser uma puta guerreiro, certo? ERRADO! Na hora do vamos ver, no meio da batalha contra os Saviors, uma horda de zumbi aparece por conta do barulho e o Ezekiel se mostra um tremendo de um cagão e, por conta disso, nós acabamos perdendo a linda da Shiva, que aparece pra salvá-lo de ser comido por zumbis, após ele FUGIR da porradaria.

Se a perda da Tabitha tinha sido muito pra você... :/

Se sentido culpado pela morte de seu tigre e de seus companheiros, Ezekiel vai chorar com a Michonne, dizer que agora ele não tem ninguém e que não quer mais ser líder, e toma é uma bela porrada na cara (literalmente), o que o faz ficar quieto no seu canto com a amada ao seu lado.

Seu fim é um pouco cruel, entretanto. Depois de um certo tempo (que não sabemos exatamente quanto, mas acredito que foram alguns anos, pois Carl já está adolescente), Rick e companhia começam uma nova treta com um novo grupo e Ezekiel, junto com alguns outros personagens, acaba morrendo, decaptado. Suas cabeças são colocadas em estacas e usadas por esse outro grupo pra delimitar a área pertencente a eles.

Essa treta, aliás, ainda tá sendo desenvolvida nos quadrinhos. Quer dizer, parece estar chegando ao seu final e, novamente, com o protagonismo de Negan.

No nono episódio da última temporada, No Way Out, The Walking Dead atingiu o seu máximo em termos de PARECÊNCIA com os quadrinhos. Foi o episódio em que o Carl tomou o tiro e tudo mais. Pode ter sido também um sinal de que as coisas serão mais assim daqui pra frente porque, tirando aí trocas óbvias e necessárias de um personagem por outro, o que se deve seguir depois que descobrirmos quem morreu logo nos primeiros minutos do primeiro episódio da sétima temporada, é bem relacionado às HQs.

No fim do painel, Chris Hardwick se despediu dizendo que todos os envolvidos em The Walking Dead (ele apresenta um talkshow sobre a série, depois de cada episódio, então também tá envolvido) amam e respeitam todos os seus fãs, destacando que ninguém está tentando nos sacanear.

Mas convenhamos que chegar ao ponto de isso precisar ser dito é porque nos sacanearam, sim. E eles sabem. Podiam só pedir desculpas logo e acabar com isso, né? Pra mim talvez seja tarde. Mas, se você tá aí ainda na ansiedade pelo que pode vir (ok, um FUCKING TIGRE!), The Walking Dead retorna no dia 23 de Outubro.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Batman - A Piada Mortal

Mexer com uma história clássica de um personagem tão querido não é tarefa fácil. Mexer com a obra de Alan Moore, então, deve ser uma tarefa hercúlea. A Piada Mortal, graphic novel lançada em 1988, rapidamente se tornou referência ao cânone do Morcego e obra essencial para todos os leitores de quadrinhos. O mais interessante da adaptação animada da HQ é como a DC conseguiu expandir o universo escrito por Moore (que, na época, era diferente da cronologia do personagem) e honrar a obra original sem deixar de lado a autenticidade.

Poder feminino

A maior diferença que notamos logo de cara na animação é que a Batgirl tem um papel muito mais importante. Se na obra de Moore ela estava inserida na história somente para alavancar a trama de outros personagens, na adaptação ela consegue um espaço grande, forte e bem aproveitado que é usado pelo roteirista Brian Azzarello para dar mais ênfase dramática ao sadismo do Coringa em um dos pontos-chave do filme. Também é possível acompanhar uma metamorfose da heroína, que é apresentada como uma jovem adulta aventureira no início da história e ciente do seu papel na vida do Batman e no destino de Gotham.

Apenas um dia ruim

Outro ponto alto de A Piada Mortal é a magnificência do Coringa. Ele tem peso, ele dá medo. Brilhantemente interpretado por Mark Hamill (sim, o Luke Skywalker de Star Wars), o Palhaço do Crime rouba a cena em todos os momentos em que aparece. Na HQ, o vilão possui dois discursos emblemáticos que ajudam a construir a psiquê tão marcante do personagem, reaproveitada até hoje em obras recentes como O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan e que certamente estará presente no Coringa de Jared Leto em Esquadrão Suicida. Azzarello fez a escolha correta e não alterou uma linha sequer do roteiro de Moore, dando aos fãs um baita presente para se deleitarem na maluquice sem fim do antagonista.

A loucura é um fator presente na obra original e Azzarello consegue transpôr toda a discussão filosófica acerca desta para a adaptação. Os olhares mais atentos conseguirão identificar na obra traços de A História da Loucura, livro essencial do sociólogo Michel Foucault que explora a manifestação social da loucura através da História. O estudo do francês inspirou Alan Moore em partes na escrita de A Piada Mortal e o roteiro da adaptação deixa essas referências bem claras, principalmente nas cenas onde o longa explora o passado do Coringa e sua entrada no crime e na psicopatia.

Direção de Arte

A atmosfera da animação remonta a aquela mostrada em Batman – A Série Animada, icônico programa de TV da década de 1990 que misturava o estilo marcante de Bruce Timm com o melhor que Tim Burton tinha apresentado visualmente em seus dois filmes do herói. Então, em A Piada Mortal, temos uma Gotham City profundamente neogótica, sombria, pesada, mas sem nunca perder a característica de ser ficcional e sem ambições de se tentar provar ‘realista’ em algum parâmetro do cinema contemporâneo.

A animação também serve para demonstrar o potencial narrativo que a DC teria nos cinemas se não tentasse copiar o modelo estabelecido pela Marvel. Aqui temos um universo contido, coeso e que consegue contar uma boa história sem tentar ser parte de algo maior e grandioso. Aliás, esse sempre foi um dos pontos fortes da DC, que nos deu histórias clássicas como esta, O Cavaleiro das Trevas, Ano Um e O Reino do Amanhã. Talvez os arcos narrativos fechados fossem um caminho interessante para o futuro cinematográfico da editora, mas, provavelmente, é um caminho que nunca veremos ser concretizado.



Abstração

Outro ponto sensível na trama é seu polêmico final. Alguns dizem que a HQ termina com Batman matando o Coringa, outros dizem que termina com Coringa matando Batman, outros dizem que não acaba e que o ciclo está fadado a se repetir eternamente e outros dizem até que eles acabam grandes amigos. Azzarello conseguiu transmitir esse final ambíguo com maestria, deixando o espectador livre para imaginar o que quiser daquela situação. Em tempos nos quais o público precisa de mil-e-uma explicações diferentes para conseguir manter sua suspensão de descrença, a animação da DC oferece a abstração narrativa de forma magistral e impactante.

Acrescentando novas tramas, aprofundando personagens e honrando seu material base, Batman –  A Piada Mortal será um desbunde para todos os fãs do Morcego que estão ávidos por mais material do herói, lembrando a todos a força do personagem e de seu universo e trazendo uma reflexão honesta e profunda sobre o que de fato nos separa da loucura.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Queen - A genialidade de Brian May

Quando falamos em Queen nos vem imediatamente à cabeça a imagem de Fred Mercury, mas vamos sair um pouco do lugar comum e falar de um dos outros gênios que formaram a banda: SIR BRIAN MAY.
Muitas pessoas ficaram encantados com a alegria de Roger Taylor e de Brian, além de espantados com sua pegada e forma de manusear a guitarra.

Só tenho uma coisa a dizer sobre ele: gênio. Um dos poucos que podem receber esse adjetivo, com pleno merecimento, sem ser mero "puxasaquismo".

Juntamente com o Queen, Brian May, escreveu as mais belas linhas da música contemporânea, com um ecletismo sobrenatural, mas nunca deixando de mostrar belos arranjos de guitarra.


Gostaria de ressaltar, não só detalhes, como o de que ele e seu pai construíram sua própria guitarra, a Red Special, com madeira de uma antiga lareira, com a ponte feita à mão, com componentes de motocicleta e uma agulha de tricô, sendo essa guitarra, a primeira a ser fabricada com as tão amadas 24 casas (no total, ela não custou nem oito libras, cerca de 40 reais), fora o fato dele tocar com uma moeda no lugar da palheta.

Há detalhes maiores, por trás das mãos e obra desse gênio (sim! Repito gênio! ).

Com o Queen, Brian May deu alicerces mais do que seguros para o desenvolvimento do glam rock (lembram das bandas dos anos 80, com roupas espalhafatosas?), hard/rock, heavy metal e do rock progressivo, misturando os vocais harmonizados do Yes, com o peso e pancadaria de um Led Zeppelin ou um Black Sabbath.

Seu timbre, sua pegada (ouça a violência de seus bends) e sua visão, em misturar conceitos eruditos, e a sobreposição de camadas de guitarra, tornou-se mitológica, influenciando quase todos que vieram depois, e arrancando elogios de quem veio antes: Joe Satriani, Slash, Nuno Bettencourt, Edu Ardanuy, Jeff Loomis, Tony Iommi (além de serem grandes amigos, Iommi credita a inspiração para a gravação de canções mais ousadas, no clássico do Sabbath "Sabotage", ao disco "A Night at the Opera", do Queen), e uma infinidade de outros músicos. Até mesmo o carrancudo e soberbo Malmsteen já assumiu em entrevista, que em se tratando de gravações de camadas de guitarra, Brain May, é sua maior referência.


Não há muito mais o que falar, e explicar... posso dizer, como experiência pessoal, que álbuns como "Queen II", "Live Killers" (pra mim, o melhor ao vivo da historia, depois do "Made in Japan", do Deep Purple), "The Game", "The miracle" e "Innuendo", fora os shows em DVD, tocavam incessantemente em meus momentos de estudo, na tentativa de absorver elementos de sua musicalidade.


segunda-feira, 25 de julho de 2016

De fã a desenvolvedor: conheça o responsável por recriar o passado do mascote da SEGA

Muito embora tenha tido alguns tropeços nos últimos anos, Sonic the Hedgehog sempre teve uma base de fãs fiel. E é exatamente um destes aficcionados o responsável pelo que pode ser um dos mais promissores jogos da história recente do personagem.

Trata-se de Sonic Mania, título anunciado durante a festa comemorativa dos 25 anos do mascote durante a San Diego Comic-Con 2016. O game faz uma releitura dos jogos clássicos do ouriço, com os gráficos em 2D que o fizeram brilhar na época do Mega Drive, enquanto adiciona novas fases e até mesmo um novo movimento - o Drop Dash - ao arsenal de Sonic, Knuckles e Tails.



Mas uma das novidades mais interessantes deste anúncio ficou para os créditos: além da SEGA, o título também tem o envolvimento de Christian Whitehead, um programador que realizou o sonho de muitos fãs do ouriço ao cruzar, oficialmente, a fronteira entre jogador e criador do seu game favorito.

Whitehead é um programador australiano que ficou famoso na comunidade a partir do fórum Sonic Retro - onde é conhecido pela alcunha The Taxman - com a criação de jogos caseiros, dos quais o mais conhecido é Retro Sonic, que impressiona pela recriação fiel dos jogos clássicos do ouriço com novos cenários.



Mas a habilidade de Whitehead vai muito além de sua paixão por Sonic. Para produzir suas recriações de jogos clássicos, o programador criou um motor - o principal software responsável pela construção de um jogo - do zero.

A Retro Engine, como ele mesmo descreve em sua página, se diferere de motores modernos porque cuida, de uma forma sofisticada, da reprodução de efeitos técnicos populares na época do 16-bits. “Jogos que requerem um toque clássico podem ser produzidos na fração do tempo necessário caso cada elemento do jogo fosse construído do zero”, escreve.

Whitehead também afirma que, mesmo que o motor seja “retrô de coração”, elementos modernas como formato widescreen e funcionalidades online como placares e conquistas/troféus estão 100% incluídas.

Contato com a Sega

Utilizando a Retro Engine, Whitehead recriou, em 2009, o clássico Sonic CD, e entrou em contato com a SEGA sobre seus planos. Dois anos depois, a versão foi oficializada pelo estúdio, e acabou sendo lançada para praticamente todas as plataformas disponíveis na época, do PlayStation 3 e Xbox 360 ao iOS, Android e Windows Phone.



Com a relação entre a publisher e o programador estabelecida, os jogos antigos de Sonic começaram a chegar nas plataformas mobile. Em 2013, o primeiro e o segundo Sonic the Hedgehog foram lançados tanto para iOS quanto para Android. A versão de Sonic 2 que chegou aos smartphones, inclusive, resgata uma fase inacabada na década de 1990 e nunca lançada até então, a Hidden Palace Zone.

Agora, Whitehead tem um novo desafio, ao trazer oficialmente um novo jogo retrô do ouriço em Sonic Mania. Entretanto, dada a sua experiência ao unir o visual e a pegada dos games clássicos com as conveniências e funcionalidades modernas, é inegável que o programador australiano é a melhor pessoa para o trabalho.

domingo, 24 de julho de 2016

Teremos o Hulk Gladiador em Thor: Ragnarök!

Tem uns boatos que são velhos. ANTIQUÍSSIMOS. Por exemplo: os rumores Planeta Hulk nos cinemas. Mesmo muito antes da estreia de Vingadores: Era de Ultron se fala que colocariam o Gigante Esmeralda exilado no espaço numa história baseada no arco escrito por Greg Pak.
E é nessa San Diego Comic-Con de 2016 que os rumores estão quase se solidificando como uma CRISTALINA verdade. O motivo? As armas e a armadura do Hulk, claramente inspirados na HQ, estão sendo exibidos no stand da Marvel neste sábado (23). E Ryan Penagos, VP da Marvel pra Digital Media (e mais conhecido como Agent M), já confirmou via Instagram que os objetos são SIM de Thor: Ragnarök, o próximo filme do Deus do Trovão e que estreia no final de 2017.




Já se sabia há algum tempo que teríamos o Hulk no terceiro filme do Thor, o que levou muita gente a juntar os rumores anteriores e imaginar que, de alguma forma, enfiariam Planeta Hulk na bagaça – principalmente depois do final de Vingadores 2, com Bruce Banner se auto-exilando. Em maio último, o JoBlo apareceu dando mais veracidade pra essa versão, reafirmando que o filme teria elementos da saga do ESMERALDINO.
Pelo que se diz, no meio do Ragnarök o Thor seria jogado em um outro planeta do universo – que nem é Asgard, nem a Terra – e, por algum motivo ainda a ser explicado, entraria em jogos no estilo daqueles dos gladiadores, que já teriam a presença do Gigante Esmeralda – provavelmente lá desde os eventos após o segundo filme dos Maiores Heróis da Terra.
Esses objetos da SDCC não só confirmam isso, mas também que teremos um Hulk de armadura, ombreira, machado... Tal qual a versão das HQs. ;)
Falando dos quadrinhos, a versão original não tem o Thor, nem nada disso. A HQ foi inicialmente planejada para tirar o Hulk da Terra durante a Guerra Civil, já que o personagem poderia claramente desequilibrar o conflito. Assim, Os Illuminati da Marvel (um super-grupo de líderes com gente como Professor X, Tony Stark, Reed Richards e Namor) resolveu exilar o Gigante Esmeralda no espaço após ele perder o controle diversas vezes e matar um monte de gente.
O Verdinho, então, cai num planeta chamado Sakaar, cheio de seres superpoderosos e que está próximo da cultura da Terra na época do Império Romano. Forçado a ser escravo, o Hulk vai lutar contra gladiadores, rapidamente crescendo em importância por lá — e lutando até contra o Surfista Prateado, papel que cabe muito bem pro Thor na tela grande. Eventualmente, o Hulk se torna o herói local, se apaixona por uma mulher chamada Caiera e derrota o DÉSPOTA do planeta, sendo eleito o líder de Sakaar.
Esse é o Hulk, claro, então obviamente dá merda. A sequência de autodestruição da nave que trouxe o personagem pra Sakaar é ativada, explodindo toda a cidade onde tava e matando Caiera. Isso deixou o Hulk incontrolável e jurando vingança contra aqueles que o colocaram naquela situação e mataram seu amor, justamente no momento que ele achava que poderia ser finalmente feliz. Quando o Gigante Esmeralda volta pra Terra, começa a saga HULK CONTRA O MUNDO.


Poderiam ter feito um filme só disso, claro. Porém, por mais que a Casa das Ideias tenha o personagem e possa fazer dele o que quiser, um longa-metragem DO HULK é, por força de contrato, uma distribuição da Universal – o resquício da era pré-Disney, de quando lançaram O Incrível Hulk. Por isso, a Marvel Studios vai preferir usar a inspiração na HQ em outra produção. Simples assim.

sábado, 23 de julho de 2016

Gears of War 4 - Demo na SDCC mostra muitas semelhanças com jogos anteriores

Gears of War 4 tem uma demo especial na San Diego Comic-Con, que mostra um pouco da campanha que veremos em outubro no Xbox One. O tivemos a oportunidade de testar o game e comprovar algumas mudanças e muitas semelhanças com os jogos anteriores da franquia.

Na verdade, durante os 15 minutos de demonstração, o sentimento é de estar jogando algum jogo anterior, mas com uma definição melhor. Em termos de mecânicas, o título é praticamente idêntico aos antecessores. O gameplay tem início em um vale tomado por pedras e restos mortais dos Locust.

Os gráficos são dignos dos bons exemplos da atual geração de consoles, principalmente quando abusa dos efeitos de clima. Na fase testada, onde controlamos o filho de Marcus Fenix e temos a ajuda de outros três soldados, chuva de raios e tempestade de pedras faziam o ambiente se deteriorar completamente. A sensação era de que tudo dentro do mapa poderia ser destruído, inclusive os abrigos maiores.

Na parte dos tiroteios e no combate corpo-a-corpo, Gears 4 é igual à tudo que a franquia já apresentou. O sistema de cobertura, o peso dos bonecos e das armas que carregam e toda a sanguinolência das finalizações - tudo está de volta com uma mão de tinta a mais. Existem interações diferentes com o ambiente e alguns golpes mortais novos, mas é mais do mesmo.



A expectativa é de que o modo cooperativo traga ainda mais diversão ao título, que pode ganhar muito com essa opção. É preciso ir além do que já se conhece para ele se diferenciar. Em muitos momentos parecia que estávamos jogando uma remasterização com novos bonecos.

Gears of War 4 foi anunciado na E3 2015 com um trailer que revelava os protagonistas JD e Kait. O game é desenvolvido pela The Coalition (ex-Black Tusk), o estúdio que assumiu a série após a aquisição pela Microsoft, e será lançado em 11 de outubro exclusivamente para o Xbox One e para o Windows 10.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Justice League Action - Com tom leve, nova animação da Liga da Justiça resgata humor de Superamigos

Já na sua primeira cena, com Ciborgue descontraidamente jogando videogame, Justice League Action mostra a que veio. Distante da animação produzida entre 2001 e 2006 ou dos recentes longas animados baseados no grupo de heróis, a nova série animada da Liga da Justiça quer mesmo é se aproximar de um antigo título da franquia: os Superamigos.

A intenção dos roteiristas Alan Burnett e James Tucker é brincar com os heróis e seus maneirismos, com foco no novo público, mas com diversos acenos para os fãs veteranos. Assim, a audiência principal do programa deve ser formada por crianças pequenas dando seus primeiros passos no mundo dos super-heróis (como é o foco de Teen Titans Go!). Porém, qualquer adulto que se depare com a animação vai encontrar um texto apurado, com o humor agitado, exigência de uma nova geração, mas que em nenhum momento subestima a inteligência do seu  público.

Se nas primeiras versões dos Superamigos algumas piadas eram involuntárias, fruto da ingenuidade da época, na nova animação a DC mostra como rir dos seus próprios absurdos. De frases de efeito a falta de poderes de um certo milionário, o roteiro encaixa brincadeira e ação em um traço híbrido, com referências tanto orientais com ocidentais.

Justice League Action, assim como Powerless (veja nossas primeiras impressões aqui), são bons exemplos da versatilidade da DC. Heróis já consagrados como Superman, Batman e Mulher-Maravilha podem se tornar ainda maiores em uma brincadeira de criança.

Justice League Action estreia ainda em 2016, sem previsão de chegada ao Brasil.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Sete Minutos Depois da Meia-Noite: quando um monstro com a voz do Liam Neeson chama

O mundo do entretenimento, claro, deu uma piradinha de leve quando a Disney anunciou O Bom Gigante Amigo, primeiro trabalho de Steven Spielberg como diretor para a casa do Mickey Mouse e ainda adaptando uma obra de Roald Dahl, o escritor original de A Fantástica Fábrica de Chocolate.

Assim que saíram os primeiros vídeos, tudo pareceu muito bem-executado, conto de fadas, aquela história toda. Mas, hum, não sei. Faltava algo. Talvez um pouco mais de coração? O ponto é que não chegou a me convencer além do “ah, legal, vou ver em algum momento”.

E aí que, então, surge outro gigante, também amigo. Este bem mais vegetal e, vamos lá, com uma cara bastante assustadora num primeiro momento. Encheu os meus olhos de cinéfilo assim que saiu o primeiro trailer. E encheu os meus olhos de pai (com lágrimas, inclusive) assim que saiu o SEGUNDO trailer. E o tal monstrengo quase que saído de uma versão macabra da obra do Tolkien ainda tem a voz do Liam Neeson, cara!

O resultado? A frase “preciso ver isso” saltou imediatamente da minha cabeça pra minha boca. E depois que escrevi este texto e vi o vídeo mais uma vez, a palavra “AGORA” chegou para complementar a sentença. O nome do tal do filme é Sete Minutos Depois da Meia-Noite (A Monster Calls, no original em inglês).



A história fala sobre Conor O’Malley (Lewis MacDougal), 12 anos, que está lidando ao mesmo tempo com a doença terminal que ACOMETE sua mãe (Felicity Jones) e com os ataques constantes do valentão local da escola, Harry (James Melville). A vida do moleque muda quando ele passa a ser visitado por um monstro gigantesco (o que tem a voz do Liam Neeson, no caso), feito de folhas e gravetos e formato humanoide, que representa seus próprios sentimentos de frustração, medo, raiva e impotência. E, claro, vira completamente do avesso quando ele acaba indo para a casa de sua avó (Sigourney Weaver), onde ambos terão que se conhecer melhor e se apoiar, apesar das diferenças entre eles.

A direção é do espanhol Juan Antonio García Bayona, mais conhecido como J. A. Bayona, que Hollywood conheceu, sob a batuta de Guillermo Del Toro, depois da direção do fantástico terror O Orfanato. O cara ainda seria responsável pelo contundente O Impossível, reconstrução da história do tsunami que devastou a costa asiática em 2004, deixando mais de 230 mil mortos. Devidamente escalado para dirigir a continuação de Jurassic World, o quinto filme da franquia jurássica, depois de sair do cargo de responsável pela sequência de Guerra Mundial Z, ele parece estar novamente à vontade numa película que tem todo o jeitão (esteticamente, inclusive, o que é um PUTA elogio) de Del Toro.

O filme é baseado no livro de fantasia infantil de mesmo nome, publicado originalmente no Reino Unido em 2011, escrito por Patrick Ness e com ilustrações de Jim Kay (artista britânico conhecido pelas edições ilustradas dos livros de Harry Potter). Aliás, o próprio Ness é responsável pelo roteiro final da versão para cinema. Este ano, é a sua segunda INCURSÃO no mundo audiovisual, já que ele também está cuidando dos roteiros de Class, série em oito episódios que é um spin-off de Doctor Who a ser exibido pela BBC Three e que será ambientado na chamada Coal Hill Academy, escola bastante conhecida dos fãs da série.

Mas, é bom que se lembre, o roteiro escrito por ele para este A Monster Calls já tinha entrado na chamada Black List de Hollywood em 2013, como um dos 72 melhores roteiros ainda não-produzidos, de acordo com votação de mais de 250 executivos de estúdios.

Sabe quem estava na mesma lista e no mesmo ano? Um tal de Spotlight, conhece? ;)

Originalmente, a ideia por trás do livro partiu da ativista e autora inglesa Siobhan Dowd (de A Carne dos Anjos, romance baseado numa história real sobre a morte de dois recém-nascidos em uma aldeia irlandesa). O ponto é que Dowd já estava em estado terminal, vítima justamente de um câncer de mama bastante agressivo. A trama foi discutida com sua editora, Denise Johnstone-Burt, da Walker Books, e rapidamente ela conseguiu negociar para que Ness cuidasse de transformar o conceito em realidade.

O autor já era conhecido por seu trabalho para o chamado público young adult, aquele mesmo que devora Jogos Vorazes, tendo escrito a série de livros batizada de Mundo em Caos (Chaos Walking), que se passa em um mundo distópico no qual todas as criaturas vivas podem umas ouvir os pensamentos das outras, em uma rede de imagens, sons e palavras chamada Ruído. Patrick Ness aceitou a missão. “Siobhan tinha os personagens, uma premissa e o começo. O que ela não tinha, infelizmente, era tempo”, explica ele mesmo na introdução do livro. Isso é fato. Siobhan Dowd morreu em 2007, quatro anos antes da obra chegar às livrarias.

“Talvez eu não fosse a escolha mais óbvia naquele momento, considerando que os livros de Siobhan costumam pender mais pro lado do realismo enquanto os meus são mais fantasia”, opinou Patrick, algum tempo depois, em entrevista para o Guardian. “Mas o que acredito que temos em comum é esta vontade de trabalhar a verdade emocional de nossos leitores, de querer que crianças e adolescentes sejam tratados como seres complexos”.

Ele deixa claro, no entanto, que jamais teria aceitado se não tivesse liberdade total para escrever do jeito que achasse melhor, apesar das sementes plantadas por Siobhan. “Eu não fiquei tentando imaginar como ela escreveria. Apenas segui o mesmo processo que ela, o que é algo muito diferente”. No fim, o autor descreve que sente que o resultado final é uma espécie de conversa particular entre ambos. “E, na maior parte do tempo, sou eu dizendo pra ela ‘veja só como a gente está seguindo aqui’. A história vem em primeiro lugar e é assim que você faz as suas próprias”.

Ness e Kay trabalharam juntos, mas à distância – tanto é que só se conheceram pessoalmente depois que a obra foi oficialmente publicada, em maio de 2011. “Mas tínhamos uma ideia compartilhada, por exemplo, de que as ilustrações não deveria ser só imagens inseridas entre as páginas, elas deveriam de fato interagir com o texto. E Jim fez isso de maneira maravilhosa”, explicou Patrick. “Tem uma ilustração no livro, por exemplo, que se estica por nove páginas e em um certo ponto cria a forma de uma casa ao redor do texto”.

A química funcionou tão bem que a dupla ganhou as medalhas Carnegie e Greenaway, por roteiro e ilustração, na prestigiada premiação anual da CILIP (Chartered Institute of Library and Information Professionals), sendo considerado o melhor livro infantil do Reino Unido naquele ano. Além disso, a vitória dupla nunca tinha acontecido antes, desde que a premiação para ilustradores foi estabelecida, 50 anos antes.

Apostando pesado no potencial do filme, a Focus Features se comprometeu com polpudos US$ 20 milhões para poder lançar em território americano a produção financiada em conjunto pela River Road Entertainment e pela Participant Media. Na Espanha, país que co-produz o filme, o lançamento será pelas mãos da Universal Pictures International.

Quando foi lançado aqui pela Editora Ática, A Monster Calls foi traduzido como O Chamado do Monstro, a tradução 100% literal da coisa. Mas a distribuidora nacional do filme, Diamond Films, parece ter optado pela versão portuguesa do título, Sete Minutos Depois da Meia-Noite (embora tenham lançado uma primeira versão do trailer 1 com “após” no lugar de “depois”) e que, sim, tem relação direta com a trama, já que este é o horário em que o monstro costuma chegar pra encontrar com o garoto.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Deus Ex: Mankind Divided - O que esperar do game

Desde seu surgimento, em 1999, Deus Ex é um jogo sobre escolhas e consequências - característica transportada à gerações mais modernas com Human Revolution, lançado para Xbox 360, PlayStation 3 e PC em 2011. Sua continuação direta, Deus Ex: Mankind Divided, pede que a atenção do jogador se volte para as consequências.

Afinal, como denota seu próprio subtítulo, Mankind Divided é fruto direto do que acontece em Human Revolution, cuja história é recontada em um didático vídeo de 12 minutos antes do início da campanha. A humanidade foi da promessa de uma evolução ampla e irrestrita possibilitada por implantes cibernéticos - os aprimoramentos - a um futuro distópico onde as pessoas se dividem, moral e fisicamente, entre quem os têm e quem os não têm.

Este mundo dividido moldado medo e pelo preconceito permeia todas as camadas de Mankind Divided, de seu roteiro à construção dos cenários, em sua fascinante união de tecnologias imaginárias com cenas mundanas, nas quais humanos "aprimorados" por implantes mecânicos precisam de passaportes e permissões especiais só para saírem dos guetos nos quais estão confinados. Uma distopia fantástica e perfeitamente possível - perfeita para um jogo de ação furtiva cyberpunk.

Mais uma vez, o mundo de Deus Ex, em sua riqueza de detalhes, é daqueles que você quer explorar até o último pedaço. Tivemos a oportunidade de conferí-lo em uma versão quase final do jogo, em um evento realizado em São Francisco a convite da Square Enix. Lá, jogamos a parte tutorial do game - a mesma mostrada na E3 - e suas primeiras missões, tanto principais quanto secundárias, em Praga, capital da República Checa, sitiada entre muros e pontos de controle.


O jogo, ainda em primeira pessoa, com algumas ações em terceira pessoa, não é de mundo aberto, como ressaltam os produtores da Eidos Montreal presentes no evento, mas contém mapas grandes e repletos de caminhos, passagens secretas e conexões que servem perfeitamente aos estilos de jogo propostos. Assim como no game passado, invadir um local guardado por soldados é uma opção tão válida quanto esgueirar-se por um duto de ventilação, e Mankind Divided eleva estas possibilidades a um novo patamar com um cenário ainda mais detalhado e denso.

Esta liberdade de ação, tão cultuada na franquia, é boa na maior parte do tempo, mas também pode servir para quebrar a experiência. Em duas missões diferentes, uma paralela e outra principal, era necessário passar de pontos vigiados por policiais. Na paralela, foi possível fazê-lo unindo conversas - que jogaram os agentes da lei uns contra os outros - com um pouco de ação. Na principal, mais rígida, não era possível conversar, e os mapas, apesar de cheios de passagens, eventualmente levavam a situações em que tanto a abordagem furtiva quanto a do conflito direto eram efetivas, levando a uma bizarra opção de simplesmente correr até o objetivo, cumprir o que era necessário e correr de volta ao ponto inicial.

Aprimoramentos

Em Mankind Divided, as consequências valem mais do que nunca, não apenas em sua trama, onde ela sempre foi importante, mas também no que diz respeito à jogabilidade. Isso fica importante já no começo do jogo, em uma missão na qual a primeira árvore de diálogos determina quais armas serão utilizadas para a invasão de um local, seja de maneira furtiva, seja com ação intensa.

Mas uma das mais interessantes está arraigada dentro de um dos sistemas mais importantes de Mankind Divided: os aprimoramentos mecânicos que Adam Jensen tem à disposição para as suas missões - os implantes de pele que o deixam invisível, os abafadores de som que eliminam seus passos, ou as lâminas e emissores eletromagnéticos escondidos em seus braços, entre outros.

Por razões que convém não explicar por motivos de spoilers, Jensen precisa, logo no começo da campanha, restaurar seus aprimoramentos cibernéticos e, no meio do processo, descobre vários implantes escondidos e desconectados em seu corpo. Só que, ao ativar um destes aprimoramentos escondidos, o sistema do protagonista superaquece e, para estabilizar a temperatura, é necessário bloquear alguma das possíveis melhorias, abdicando dela pelo restante do jogo. Em Mankind Divided, até mesmo evoluir o seu personagem exige escolhas com as quais você precisará lidar, cedo ou tarde.

Breach

Deus Ex: Mankind Divided conta com um curioso modo chamado Breach, que aproveita as mecânicas do single-player em cenários competitivos. Seus cenários abstratos, compostos de monolitos e polígonos sem texturas, parecem saídos das missões VR do primeiro Metal Gear Solid. Seus objetivos também: no modo, você controla um hacker que precisa invadir servidores fortificados, extrair informações e voltar ao ponto inicial em um determinado tempo.

A parte competitiva do modo fica por conta da possibilidade de desafiar outros jogadores a bater seus recordes de tempo e placar, principalmente em níveis que parecem impossíveis. Não é um modo muito complexo, mas faz às vezes do multiplayer comercialmente exigido para um jogo de alto orçamento e, surpreendentemente, condiz com todo o restante do game.

Deus Ex: Mankind Divided chega ao PlayStation 4, Xbox One e PC em 23 de agosto.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Pearl Jam

Estilo e Influências


Comparado ao de outras bandas grunge do começo dos anos 1990, o estilo do Pearl Jam é notavelmente menos pesado, remontando ao rock clássico dos anos 1970. O Pearl Jam já citou diversas bandas punks e clássicas como influências, como The Who, Neil Young e Ramones. O sucesso do Pearl Jam tem sido atribuído à sua sonoridade, que combina "o rock de estádio dos anos 1970, de riffs pesados, com o barulho e a raiva do[s grupos de] post-punk dos anos 1980, sem nunca se desgrudar [...] dos refrões. O estilo de guitarra rítmica de Gossard é conhecido pelo seu senso de batidas e groove, enquanto o estilo de guitarra solo de McCready, influenciado por artistas como Jimi Hendrix, tem sido descrito como "orientado pelo sentimento" e "folk".

O Pearl Jam ampliou seu "alcance" musical através dos lançamentos subsequentes. Uma vez que Vedder tinha mais influência na sonoridade da banda, ele buscou extirpar das músicas do Pearl Jam o uso de ganchos. Ele disse, "Eu senti que, com mais popularidade, nós seríamos massacrados, nossas cabeças iriam amassar como uvas. "À época de Vitalogy, em 1994, a banda passou a incorporar mais influências punks à sua música. Já No Code, de 1996, foi uma ruptura deliberada na sonoridade estabelecida em Ten, com as músicas do álbum contendo elementos do rock de garagem, do worldbeat e experimentalismos. Após Yield, de 1998 — que foi, de certa forma, um retorno ao rock dos trabalhos iniciais da banda, o Pearl Jam se envolveu com o art rock experimental em Binaural, de 2000, e com o folk rock em Riot Act, de 2002. Pearl Jam, de 2006, foi citado como um retorno à sonoridade inicial da banda, enquanto Backspacer, de 2009, contém elementos da música pop e da New Wave.




O crítico Jim DeRogatis descreve o vocal de Eddie Vedder como um "grunhido vocal semelhante à Jim Morrison." Greg Prato, do Allmusic, disse que "[...] com seu estilo de letras confessional e seu barítono a la Jim Morrison, Vedder também se tornou um dos vocalistas mais copiados de todo o rock. "Os tópicos das letras escritas por Vedder vão do pessoal ("Alive", "Better Man") ao social ("Even Flow"), passando por preocupações políticas ("World Wide Suicide"). Suas letras invocam o uso de narrativas, incluindo temas como liberdade, individualismo e simpatia por indivíduos problemáticos.

No início da banda, Gossard e McCready eram claramente designados como, respectivamente, guitarrista base e solo; tal dinâmica, todavia, começou a mudar quando Vedder começou a tocar, em algumas ocasiões, guitarra rítmica durante as turnês de Vitalogy. Em 2006, McCready disse que "Ainda que existam três guitarras, eu acho que temos mais lugar agora. Stone Gossard vai recuar e tocar uma linha de duas notas, enquanto Eddie Vedder vai fazer algo com power chords, e eu me encaixo nisso tudo


Legado

Enquanto o Nirvana levou o grunge ao mainstream, no começo dos anos 90, o Pearl Jam rapidamente superou-os em termos de vendas, tornando-se "a banda de rock & roll americana mais popular dos anos 90", de acordo com o Allmusic. O Pearl Jam tem sido descrito como "os estilistas mais influentes do rock moderno — as perfeitamente acabadas canções explosivas em ritmo médio, como 'Alive' e 'Even Flow', melódicas o suficiente para fazerem moshers cantarem junto. "A banda inspirou e influenciou um número de outras bandas, como Silverchair, Puddle of Mudd e The Strokes. O Pearl Jam, também, tem durado mais do que seus contemporâneos do grunge, como Nirvana e, mais recentemente, Alice in Chains e Soundgarden.




O Pearl Jam tem sido elogiado pela sua rejeição aos excessos da vida de estrela do rock e por sua insistência em apoiar as causas em que acreditam. O crítico musical Jim DeRogatis disse, à época do encerramento da batalha da banda contra a Ticketmaster, que isso "provou que uma banda de rock que não é composta por cabeças gananciosas pode tocar em estádios e não sugar cada centavo do público... isso indicou que o idealismo no rock 'n' roll não é privilégio daquelas bandas dos anos 60 que estão no Hall da Fama do Rock and Roll. "Eric Weisbard, da Spin, disse em 2001 que "O grupo que uma vez foi acusado de tocar um grunge sintético agora parece tão orgânico e baseado em princípios quanto existe. "Em uma enquete realizada pelo USA Today, em 2005, o Pearl Jam foi votado como a maior banda americana de rock de todos os tempos. Em abril de 2006 a banda recebeu o prêmio de "Best Live Act" ("Melhor Atuação ao Vivo") do Esky Music Awards, da Esquire; a sinopse do prêmio se referiu ao Pearl Jam como "as raras superestrelas que ainda tocam em cada show como se pudesse ser o último. Os seguidores da banda têm sido comparados aos do Grateful Dead, com a Rolling Stone afirmando que o Pearl Jam "excursionou incessantemente e se tornou um dos maiores atos de rock de arena, atraindo um grupo de discípulos parecidos com os do Grateful Dead, com uma maratona de shows no raro espírito de Bruce Springsteen, The Who e U2.


Quando perguntado sobre o legado do Pearl Jam, em uma entrevista de 2000, Eddie Vedder disse: "Eu penso que em algum ponto ao longo do caminho, nós começamos a sentir que queríamos dar às pessoas algo em que acreditassem, porque nós sempre tivemos bandas que nos deram isso, quando precisamos de algo para acreditarmos. Esse foi o nosso grande desafio após o primeiro álbum e a resposta que ele teve. O objetivo, imediatamente, se tornou em como nós continuaríamos sendo músicos e crescer e sobreviver em vista de tudo isso... As respostas nem sempre foram fáceis, mas acho que encontramos um jeito."

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Star Trek: Sem Fronteiras é uma emocionante e divertida celebração dos 50 anos da franquia

A comemoração dos 50 anos de Star Trek teve um início conturbado. Com a saída de J.J. Abrams da direção (que agora assina apenas como produtor), o estúdio parecia ter encontrado a solução perfeita em Roberto Orci, corroteirista  dos dois primeiros filmes da nova versão.  Porém, sua inexperiência atrás das câmeras e divergências sobre a sua versão da história (entenda aqui) fizeram com que o substituto fosse substituído por um trio improvável: Justin Lin, cineasta que deu nova vida à franquia Velozes e Furiosos, Simon Pegg, o novo Scotty e corroteirista de filmes como Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso, que assumiu o script ao lado de Doug Jung (Banshee, Amor Imenso).

A troca ousada foi um acerto, como mostra Star Trek: Sem Fronteiras, uma emocionante e divertida homenagem à franquia que audaciosamente leva o público a novos ares, sem esquecer de onde veio. No final de Além da Escuridão: Star Trek, a tripulação da Enterprise se preparava para a sua missão de cinco anos. O novo filme começa com divertida narrativa sobre essa passagem “episódica” pelo espaço para depois revelar o desgaste criado pelo confinamento. Surge então o vilão, encarnado por Idris Elba, que tanto serve para remotivar a tripulação na sua jornada por diplomacia no universo como para criar uma conexão com o visual da série original.

Do primeiro contato com novas raças alienígenas (mais de 50 tipos de aliens aparecem no longa) a revelação de cenários grandiosos como Yorktown (a base espacial da federação), tudo é rodeado pelo espírito de aventura e descoberta que consagrou a franquia. Altamid, o planeta rochoso que abriga o segundo ato do filme, é um aceno ao visual dos planetas visitados pelo Capitão Kirk e Cia. na década de 60, quando a equipe da série de Gene Roddenberry precisava contornar restrições orçamentárias com criatividade. Fã da versão para a TV, o diretor Justin Lin sabe exatamente quando acenar ao passado e quando seguir em frente, combinando o visual retrô futurista com cenas de ação inspiradas e grandiosas.

A celebração da diversidade, sempre presente em Star Trek, é outra constante em Sem Fronteiras. A polêmica revelação sobre a sexualidade de Sulu (entenda aqui) é tratada com a necessária sutileza, mostrando um novo traço do personagem, sem defini-lo por isso. A adição de Sofia  Boutella como a alienígena Jaylah serve para equilibrar a equipe, que antes tinha apenas Uhura (Zoe Saldana) como representante feminina no elenco principal.  E, no melhor espírito da franquia, as entrelinhas revelam uma discussão sobre tolerância e conflito, sobre o verdadeiro significado de evolução: “Por que nem todos enxergam a paz como o melhor caminho?”.

A lista de homenagens também inclui um belo tributo a Leonard Nimoy, que faleceu em fevereiro de 2015, e ao elenco da série original. Cada aparição de Anton Yelchin (morto em um acidente em junho deste ano) agora parece carregada de uma inevitável melancolia, com o espírito otimista de Chekov em contraste com a triste realidade. Ainda assim, é uma bela participação do ator, que ganhou mais espaço em cena graças a habilidade de Pegg e Jung para coordenar todos os seus personagens - ao separar a tripulação no segundo ato, os roteiristas criaram novas interações e aprofundaram seus protagonistas.

Star Trek: Sem Fronteiras é uma homenagem à altura do legado de Gene Roddenberry. Todos os elementos que compõem sua criação são combinados em um filme prazeroso, que é ao mesmo tempo simples e complexo, aventuresco e filosófico. Um presente para os fãs e uma excelente porta de entrada para um novo público. O filme chega ao Brasil em 1º de setembro, no mês de aniversário da franquia (a primeira série de TV foi ao ar na NBC em 8 de setembro de 1966).

domingo, 17 de julho de 2016

Stranger Things é uma das melhores coisas que você verá este ano

Misture anos 1980, Steven Spielberg, ET, Stephen King, It, John Carpenter, Wes Craven, A Hora do Pesadelo, Halloween, Dungeons & Dragons, walkie talkies, John Hughes, Os Goonies, Beetlejuice, Evil Dead, Guerra Fria, Toto, Joy Division, Vangelis, The Clash, mix tapes… Coloque uma pitada de 2016. Pronto, você terá Stranger Things, a nova série do Netflix que estreou nesta sexta-feira (15) em todo o mundo.

Como você pode imaginar, essa mistura não tinha como dar errado. E não deu. Assistimos a todos os oito episódios da primeira temporada da produção, que foi criada por Matt e Ross Duffer e, cara, que SENSACIONAL.

Tudo começa na fictícia cidade de Hawkins, Indiana, onde os amigos Will (Noah Schnapp), Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin) passaram horas e horas no porão jogando D&D. Parecia mais uma noite normal, só que, quando eles resolvem ir para casa, algo acontece. Um misterioso monstro ataca Will, que some misteriosamente. Este é apenas o início das “coisas estranhas”.

Joyce (Winona Ryder), mãe do garoto, vai até a polícia pra buscar ajuda. Inicialmente o Chefe Hopper (David Habour) dá de ombros, meio que achando que o garoto está bem e que a ela, separada do marido, é desleixada com os filhos. Porém, Hopper aos poucos vai se deixando levar pelo caso, muito por conta do próprio passado dele com a filha e a família. Uma busca que o leva a um misterioso laboratório do governo nos limites da cidade.

Ao mesmo tempo, Mike, Dustin e Lucas não desistem do amigo. Mesmo sem permissão, eles se juntam para EMPREENDER as próprias buscas, o que os coloca frente a frente com uma misteriosa garotinha de cabelo raspado, Eleven (Millie Bobby Brown), que pouco fala e tem uns poderes misteriosos. Como bem define o Dustin, ela parece uma X-Men. :D

Também tem Jonathan (Charlie Heaton), irmão de Will, que tenta racionalizar os fatos e distribuir fotos do garoto por aí, mas com pouco resultado. Ele chama a atenção da Nancy (Natalia Dyer), irmã do Mike e que, apesar de estar toda IN LOVE com Steve (Joe Keery), se sensibiliza com a história e passar a ajudar Jonathan.

Stranger Things

Assim, Stranger Things constrói quatro histórias paralelas, cada uma com um único objetivo – encontrar o Will – que vão descobrindo partes diferentes deste quebra-cabeça. Uma personagem é tida como maluca por todos, tentando se comunicar com o filho pelas luzes; o outro se vê em uma grande conspiração governamental; os adolescentes parecem que estão no meio de um filme de terror; e as crianças embarcam numa aventura digna de RPG, com superpoderes e dimensões paralelas.

Aos poucos, esses caminhos vão se encontrando e o quebra-cabeça ganha forma. A forma de um grotesco monstro sem face...

Um dos pontos mais interessantes de Stranger Things é que nenhum desses inúmeros personagens permanece “flat” durante toda a temporada. Mesmo que curta, com oito episódios, há tempo suficiente para todos eles evoluírem, amadurecerem e se tornarem, no final, algo diferente do que eram no começo.

Stranger Things não cai no mesmo erro de outra série feita por irmãs pro Netflix. Se em Sense8, por mais que haja uma evolução da história e dos personagens, o enredo principal de ficção científica é pouco resolvido, deixando um gosto de episódio piloto para toda a primeira temporada. Aqui os irmãos Duffer conseguem construir uma história com começo, meio e fim. Todos os mistérios e problemas propostos no primeiro episódio são, eventualmente, respondidos – por mais que deixem novas perguntas depois, que serão fatalmente o gancho de uma nova temporada. Como proposta de série, Stranger Things funciona bem.

Tudo isso embalado com roupas, músicas, decoração, estética e objetos de uma das décadas mais deliciosas da história da humanidade. A tal “década perdida”, que nunca foi isso, não é apenas um acessório, mas sim parte importante da história. Pra quem teve algum contato com aqueles tempos, essa sensação de nostalgia ajuda bastante a se deixar levar por tudo que é contado, identificando aqui e ali as referências.

Os atores ajudam, também. Winona Ryder tem uma energia incrível. A maior parte das cenas da atriz são fortes e desgastantes, dando a real dimensão do sofrimento de uma mãe que quer resgatar o filho de algo que ela não entende. Já Millie e Finn estão sensacionais como Mike e Eleven – é impossível não se encantar com os dois. Aliás, falando nos garotos, eles parecem aquele grupo de amigos perfeito, pra toda a vida, e dá pra ver um pouco da nossa própria infância ali. Outra que merece destaque é a Natalia Dyer – a Nancy é a personagem mais interessante de toda a série, com uma grande evolução e, na parte final, cenas ótimas.

Stranger Things é, desde já, uma das melhores surpresas de 2016. Daquelas que, mais uma vez, vai te fazer devorar todos os episódios rapidamente e, quando menos esperar, já estar contando os minutos pra ver a próxima temporada.

sábado, 16 de julho de 2016

The Last Kingdom - Série medieval estreia com a alcunha de "nova Game of Thrones”, mas se sustenta sozinha.

Com o fim cada vez mais próximo de Game of Thrones, os fãs de produções medievais já começam a buscar substitutas e a recente The Last Kingdom estreou sua primeira temporada com um pouco dessa expectativa. Apesar de ser recomendada para quem gosta da série da HBO, a nova atração consegue facilmente se sustentar sozinha.

The Last Kingdom se passa no que hoje conhecemos como a Inglaterra, mas antes era um conjunto de reinos menores e separados. A história começa quando os dinamarqueses, conhecidos como vikings na época, começaram a invadir esses reinos em busca de prata, escravos e, principalmente, um local para viver.

Nesse contexto há o jovem Uhtred, que nasceu como um nobre, mas foi sequestrado pelos dinamarqueses quando eles invadiram o local onde morava. O protagonista viu a morte da família e de todos que conhecia, mas acabou sendo criado pelo povo inimigo até a vida adulta, quase como um filho. Depois de muito tempo, Uhtred enfrenta novamente a morte de sua nova família e, sem ter mais nada que o ligue aos dinamarqueses, precisa decidir se vai tentar reconquistar o reino que um dia foi seu ou continuará servindo a outras famílias do seu novo povo.

Baseada nas Crônicas Saxônicas de Bernard Cornwell, a série acerta muito ao acelerar algumas partes da trama, incluindo a infância de Uhtred, que cresce rapidamente e tem a maior parte de sua história contada já na vida adulta. É difícil empatizar com Uhtred, que é teimoso e comete muitos erros apenas pelo que podemos chamar de "personalidade forte". Ele é insubordinado, exigente com seus direitos como nobre, que pouco valem depois de tantos anos, e pouco respeitoso na questão da religião, que também é um grande foco da produção. O intuito é mostrar que, apesar de forte, Uthred ainda é imaturo. Com o desenrolar da série, ele passa por várias provações e consegue evoluir, mas essa imaturidade acaba deixando o meio da temporada um pouco lento, dando a impressão de que estão sendo abordadas sempre as mesmas questões.

Ao longo de oito episódios, The Last Kingdom tem uma direção simples que não se arrisca muito, mas se sobressai em duas frentes: as passagens de tempo, que ficam bem claras apesar de não serem totalmente didáticas; e nos planos abertos, que valorizam as locações e a natureza da ambientação.

Outro ponto forte é o elenco. David Dawson faz o papel do Rei Alfredo, responsável por lutar contra os dinamarqueses e a favor dos reinos saxões. Vêm dele as melhores cenas e diálogos de toda a série - todos subestimam Alfredo que, com sua calma, consegue usar isso a seu favor, sem deixar de mostrar o quanto é forte. Nesse ponto, o protagonista Dreymon deixa um pouco a desejar, principalmente em cenas que pedem mais emoção. Porém, assim como Uhtred, ele claramente evolui com o decorrer da temporada e tem tudo para voltar melhor no segundo ano.

É preciso citar também a bela trilha sonora, que conquista desde a abertura (com uma música capaz de ficar na sua cabeça por vários dias); até às várias sequências quando consegue aumentar a emoção, tensão, ou alegria mostradas em tela.

O final da temporada acerta ao deixar abertura para os novos caminhos de Uhtred, mas fechando um arco que não seria prejudicado caso a atração não continuasse. Apesar disso, The Last Kingdom terá sim uma segunda temporada, dessa vez com o apoio da Netflix, e tem tudo para continuar por muitos anos e com seus próprios méritos.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Esquadrão Suicida - Qual o papel do Pistoleiro de Will Smith no filme?

Will Smith é conhecido por não gostar de dividir o seu tempo em tela. Foi o ator, por exemplo, que rejeitou o papel-título de Django Livre por considerar que o personagem era o coadjuvante do filme de Quentin Tarantino. Logo, sua escalação como Pistoleiro, um dos membros do Esquadrão Suicida, foi recebida com surpresa. Seria Smith capaz de “compartilhar seu protagonismo” em um filme de grupo?

No longa de David Ayer, Pistoleiro/Floyd Lawton será o líder afetivo do time de vilões, que oficialmente é comandado por Rick Flag (Joel Kinnaman) a mando de Amanda Waller (Viola Davis). Porém, com presenças marcantes como Coringa (Jared Leto), Arlequina (Margot Robbie) e até Batman (Ben Affleck), Smith dificilmente será o centro das atenções. Ainda assim, aceitou o papel pelo desejo de entrar no mundo dos quadrinhos da DC, explica Ayer, que procurou o ator justamente pela sua qualidade de liderança: “Ele tem esse carisma, é uma pessoa que atrai outras, então é o cara perfeito para liderar o grupo. Ele é um dos caras, não tem nenhum disparate de estrela de cinema. É o Pistoleiro perfeito, pois eles são vilões, mas não sabem que são vilões. São pessoas que fizeram péssimas decisões nas suas vidas e por conta dessas decisões são definidos pelos outros: ‘você é isso agora, você é mau’”.

Nos quadrinhos, o assassino de aluguel com a mira mais precisa do mundo apareceu pela primeira vez na Batman #59, em 1950. Nasceu como vigilante, passou a ser um supervilão e atualmente é retratado como um anti-herói, versão com se encaixa com o conceito de Esquadrão Suicida no cinema. Segundo Ayer, o filme é sobre “querer ter uma vida, querer ser feliz, ter uma família, mas ser tachado como uma pessoa ruim, que não tem direito a essas coisas. Essa é a luta deles”. Um arco de redenção que deve ter o Pistoleiro como figura central, constantemente confrontado com decisões sobre o certo e o errado dentro do time de vilões. Uma cena do filme, descrita pelo próprio Smith durante a visita do Omelete ao set do filme, em Toronto, mostra como será o comportamento do personagem - pare por aqui se não quiser spoilers.

“Vamos para Midway City em uma missão que apenas Flag sabe o que é. Precisamos resgatar um alvo valioso. Mas não sabemos de nada, não sabemos o que está acontecendo. E temos explosivos de nanotecnologia que foram injetados na base das nossas cabeças. Um de nós testou a teoria no começo do filme e não deu certo. Todos sabemos que funciona. Nessa cena chegamos ao ponto de troca e descobrimos que esse alvo valioso é Amanda Waller.

Estamos no telhado e do nada todos os nossos explosivos ficam verdes, o que quer dizer que estamos livres, e não sabemos o porquê. E no helicóptero que deveria resgatar Amanda Waller, viramos e vemos que o Coringa está lá e ele sequestrou o cientista que criou os explosivos. Agora estamos todos no telhado, com os explosivos desligados, pensando: ‘o que devemos fazer? Podemos matar todo mundo’. Então o Coringa resgata Arlequina, ela entra no helicóptero e eles estão prontos para fugir. Amanda Waller vem até mim e diz: ‘Eu lhe darei a sua liberdade e a sua filha se você colocar uma bala na cabeça dela’. Então, se matar Arlequina, estou livre”.

Ou seja, o desafio de Esquadrão Suicida é o equilíbrio. Pela descrição de Smith, Pistoleiro é o anti-herói em busca de redenção, responsável pela balança moral do longa (as armas e o uniforme com dizeres religiosos completam o perfil). O filme, porém, ainda precisa lidar com uma coleção de personagens diversos, incluindo um vilão (Adversário, que pode ter ligação com outro vilão, Lorde Satanus, ou com a própria Magia, interpretada por Cara Delevingne), um antagonista agente do caos (Coringa), uma coadjuvante que roubará a cena (Arlequina) e uma figura de autoridade (Amanda Waller). Se pender demais para um lado ou outro, o filme corre o risco de perder a unidade que um título com a palavra “esquadrão” promete. Desta vez, Will Smith pode ser o líder, mas não o protagonista.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

As Caça-Fantasmas

O novo Caça-Fantasmas (Ghostbusters, 2016) é um objeto estranho em meio a tantos blockbusters que jogam seguro e fazem refilmagens disfarçadas de continuações, para não desagradar os fãs velhos e tentar atrair os novos, de O Exterminador do Futuro: Gênesis e Jurassic World Star Wars - O Despertar da Força e Independence Day - O Ressurgimento.
É essa cara de novidade que sustenta um filme que, no geral, não tem o mesmo vigor cômico ininterrupto das comédias anteriores que o roteirista e diretor Paul Feig fez com as atrizes Kristen Wiig e Melissa McCarthyMissão Madrinha de Casamento e A Espiã que Sabia de Menos. Do timing das piadas ao arco dramático (sempre variações da ideia feminista de que uma mulher pode reconhecer na outra uma parceira e não necessariamente uma concorrente a invejar), Caça-Fantasmas sai perdendo nessa comparação, mas isso não significa que o filme faça feio diante dos dois Ghostbusters anteriores - pelo contrário.
Feig subverte a premissa do original e a atualiza sem deixar de prestar as esperadas homenagens. O filme de 1984 era obra dos anos Reagan: assim como em outras comédias que reconstruíam a confiança dos EUA pós-Nixon a partir da base, dos seus trabalhadores de colarinho azul, como Fábrica de Loucuras (1986), tínhamos no original uma equipe que operava como detetizadores e, aos olhos da prefeitura, eram párias demais para ter o reconhecimento da mídia e do restante dos novaiorquinos. Agora os Caça-Fantasmas são quatro mulheres, e o que Feig faz é transformar a disputa de classes numa disputa de gêneros.
E como faz: o filme junta a morena, a loira, a negra e a ruiva numa sucessão de provocações contra o status quo do machismo, ora pontuais e literais (as menções aos haters de caixa de comentários, o vilão virjão, o laser no saco do fantasma) ora sinuosas (o vocabulário científico jorrado pelas mulheres, o detector de fantasmas que é praticamente uma vagina de neon). No centro de Caça-Fantasmas está um discurso afirmativo que parte de um trauma (o filme tem uma pegada mais dramatizada que o original, para justificar o arco de superação da personagem de Wiig) para consumar o girl power, da forma mais literal (de novo) que um filme desses permite: com as nerds de macacão celebradas como rockstars no palco de um show.
Por mais que este Caça-Fantasmas pareça um filme de uma piada só, Feig coloca a serviço do empoderamento feminino todo o seu arsenal de autor, tanto de incorreções políticas quanto de sensibilidades de casting. Então ele não deixa de colocar Melissa McCarthy em situações que desmistificam os pudores sobre o corpo (a cena em que ela testa a mochila de prótons pela primeira vez é hilária), embora num grau menor do que em A Espiã que Sabia de Menos, e também escolhe os melhores atores para personificar o temível patriarcado (Charles Dance poderia ter sido melhor aproveitado).
Independente do que pense sobre questões de identidade de gênero, o espectador vai encontrar no novo Caça-Fantasmas um filme que não se limita a reembalar o velho em nome da nostalgia. Na verdade o grande tributo que Feig presta para o original é justamente não ousar replicá-lo.