quarta-feira, 20 de julho de 2016

Deus Ex: Mankind Divided - O que esperar do game

Desde seu surgimento, em 1999, Deus Ex é um jogo sobre escolhas e consequências - característica transportada à gerações mais modernas com Human Revolution, lançado para Xbox 360, PlayStation 3 e PC em 2011. Sua continuação direta, Deus Ex: Mankind Divided, pede que a atenção do jogador se volte para as consequências.

Afinal, como denota seu próprio subtítulo, Mankind Divided é fruto direto do que acontece em Human Revolution, cuja história é recontada em um didático vídeo de 12 minutos antes do início da campanha. A humanidade foi da promessa de uma evolução ampla e irrestrita possibilitada por implantes cibernéticos - os aprimoramentos - a um futuro distópico onde as pessoas se dividem, moral e fisicamente, entre quem os têm e quem os não têm.

Este mundo dividido moldado medo e pelo preconceito permeia todas as camadas de Mankind Divided, de seu roteiro à construção dos cenários, em sua fascinante união de tecnologias imaginárias com cenas mundanas, nas quais humanos "aprimorados" por implantes mecânicos precisam de passaportes e permissões especiais só para saírem dos guetos nos quais estão confinados. Uma distopia fantástica e perfeitamente possível - perfeita para um jogo de ação furtiva cyberpunk.

Mais uma vez, o mundo de Deus Ex, em sua riqueza de detalhes, é daqueles que você quer explorar até o último pedaço. Tivemos a oportunidade de conferí-lo em uma versão quase final do jogo, em um evento realizado em São Francisco a convite da Square Enix. Lá, jogamos a parte tutorial do game - a mesma mostrada na E3 - e suas primeiras missões, tanto principais quanto secundárias, em Praga, capital da República Checa, sitiada entre muros e pontos de controle.


O jogo, ainda em primeira pessoa, com algumas ações em terceira pessoa, não é de mundo aberto, como ressaltam os produtores da Eidos Montreal presentes no evento, mas contém mapas grandes e repletos de caminhos, passagens secretas e conexões que servem perfeitamente aos estilos de jogo propostos. Assim como no game passado, invadir um local guardado por soldados é uma opção tão válida quanto esgueirar-se por um duto de ventilação, e Mankind Divided eleva estas possibilidades a um novo patamar com um cenário ainda mais detalhado e denso.

Esta liberdade de ação, tão cultuada na franquia, é boa na maior parte do tempo, mas também pode servir para quebrar a experiência. Em duas missões diferentes, uma paralela e outra principal, era necessário passar de pontos vigiados por policiais. Na paralela, foi possível fazê-lo unindo conversas - que jogaram os agentes da lei uns contra os outros - com um pouco de ação. Na principal, mais rígida, não era possível conversar, e os mapas, apesar de cheios de passagens, eventualmente levavam a situações em que tanto a abordagem furtiva quanto a do conflito direto eram efetivas, levando a uma bizarra opção de simplesmente correr até o objetivo, cumprir o que era necessário e correr de volta ao ponto inicial.

Aprimoramentos

Em Mankind Divided, as consequências valem mais do que nunca, não apenas em sua trama, onde ela sempre foi importante, mas também no que diz respeito à jogabilidade. Isso fica importante já no começo do jogo, em uma missão na qual a primeira árvore de diálogos determina quais armas serão utilizadas para a invasão de um local, seja de maneira furtiva, seja com ação intensa.

Mas uma das mais interessantes está arraigada dentro de um dos sistemas mais importantes de Mankind Divided: os aprimoramentos mecânicos que Adam Jensen tem à disposição para as suas missões - os implantes de pele que o deixam invisível, os abafadores de som que eliminam seus passos, ou as lâminas e emissores eletromagnéticos escondidos em seus braços, entre outros.

Por razões que convém não explicar por motivos de spoilers, Jensen precisa, logo no começo da campanha, restaurar seus aprimoramentos cibernéticos e, no meio do processo, descobre vários implantes escondidos e desconectados em seu corpo. Só que, ao ativar um destes aprimoramentos escondidos, o sistema do protagonista superaquece e, para estabilizar a temperatura, é necessário bloquear alguma das possíveis melhorias, abdicando dela pelo restante do jogo. Em Mankind Divided, até mesmo evoluir o seu personagem exige escolhas com as quais você precisará lidar, cedo ou tarde.

Breach

Deus Ex: Mankind Divided conta com um curioso modo chamado Breach, que aproveita as mecânicas do single-player em cenários competitivos. Seus cenários abstratos, compostos de monolitos e polígonos sem texturas, parecem saídos das missões VR do primeiro Metal Gear Solid. Seus objetivos também: no modo, você controla um hacker que precisa invadir servidores fortificados, extrair informações e voltar ao ponto inicial em um determinado tempo.

A parte competitiva do modo fica por conta da possibilidade de desafiar outros jogadores a bater seus recordes de tempo e placar, principalmente em níveis que parecem impossíveis. Não é um modo muito complexo, mas faz às vezes do multiplayer comercialmente exigido para um jogo de alto orçamento e, surpreendentemente, condiz com todo o restante do game.

Deus Ex: Mankind Divided chega ao PlayStation 4, Xbox One e PC em 23 de agosto.

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