sábado, 30 de julho de 2016

O Bom Gigante Amigo é exatamente o que você espera de um filme de Steven Spielberg

Longe dos melhores trabalhos do diretor, seu primeiro filme Disney faz jus a toda sua obra

O Bom Gigante Amigo tá longe de ser o melhor de Steven Spielberg. Longe de ser seu melhor filme, longe da sua melhor forma.

É um filme que talvez esteja sendo lançado na época errada (não se parece com o que se espera que esteja em cartaz nessa época do ano, ainda mais se tratando de um filme infantil) e que muito provavelmente vai ser esquecido daqui a pouco.

Mas ainda é um filme de Steven Spielberg. Sabe como é? :D

A sinopse oficial do filme, adaptação do livro de Roald Dahl, diz que O Bom Gigante Amigo conta a história de Sophie, uma orfã que “encontra um gigante amigável que, apesar de sua aparência assustadora, se mostra uma alma bondosa, um ser renegado pelos seus semelhantes por se recusar a comer meninos e meninas”. Até tá certo, se o encontro não fosse porque ela tem insônia, viu o monstro quando não devia e ele a sequestrou pra evitar que mais alguém soubesse da sua existência.

É aí, porém, que a parte legal do filme começa, porque é quando começamos a entrar na cabeça do Bom Gigante Amigo. Um magrelo, vegetariano, incrivelmente menor do que os outros gigantes, VALENTÕES comedores de criancinhas, cujo trabalho é criar sonhos. É, óbvio, aí que começa também o show de Mark Rylance no papel do BGA, o que diz duas coisas sobre “um filme de Steven Spielberg”.

SPIELBERG CONSEGUE CRIAR EMPATIA ENTRE NÓS E OS PERSONAGENS MAIS ALEATÓRIOS COMO NINGUÉM.

Primeiro, o cara segura bastante a relação entre a tecnologia e atuações reais. Você percebe, SENTE a atuação de Mark Rylance, mesmo que o esteja vendo seja um gigante orelhudo. Segundo que ele consegue, como ninguém, criar empatia pelos mais aleatórios personagens de que se tem notícia. :)

Mas o grande destaque do filme é Ruby Barnhill, a garota de 12 anos que interpreta Sophie. Dois segundos de cena e seu coração se enche de :D, tamanho o carisma da menina, peça chave de como a gente acaba enxergando o tal do Bom Gigante Amigo. Ela tem força, é esperta, inteligente, teimosa, num segundo quer fugir de todo jeito da terra dos gigantes e no seguinte não quer mais, nunca mais, sair do lado dele.

Sophie é mais uma das crianças protagonistas de Spielberg, sim, mas se até hoje falam de Drew Barrymore em E.T, não me surpreenderia se daqui 35 anos digam coisas como “Ruby Barnhill, a garotinha de BGA”.

Aliás, se você assistir à Bom Gigante Amigo e sentir alguma coisa de E.T, além da melancolia, da amizade improvável e de personagens tão cativantes, não se surpreenda. Os dois filmes foram escritos por Melissa Mathison, que morreu ainda durante a produção do filme, aos 65 anos.

Outros destaques do filme são a sequência na árvore dos sonhos, emocionante, e a maneira como Spielberg se deixou divertir com a história, o que o festival de peidos envolvendo a Rainha da Inglaterra demonstra claramente. Mas, veja: é um festival de peidos do Spielberg, devidamente contextualizado, colorido e divertido. Esqueça Adam Sandler. ;D

O Bom Gigante Amigo é um filme que depende do esforço de quem assiste pra funcionar. Não é um filme que vai, o tempo todo, martelar sua cabeça lembrando da existência ou vai realmente chamar sua atenção quando você tiver adicionando coisas na sua lista do Netflix. Você precisa querer assistí-lo e, eventualmente, precisa querer voltar a ele.

Pra você entender, assisti ao há duas semanas e só vendo a agenda de estreias lembrei que ele chegava aos cinemas nessa quinta (28). Escrevendo sobre, não vejo a hora de poder revê-lo.

Porque é um filme do Steven Spielberg, sabe como é? ;)

Nenhum comentário:

Postar um comentário